quinta-feira, 8 de outubro de 2015

E NO ENTANTO



Para Sérgio Viralobos

Na rua só penúria, tristeza e cancro sifilítico.
No ir e vir do povo, um cuspe de volúpia,
sem as roupas das núpcias mas com bafo etílico,
as casas ruem vítimas dessa luxúria.

Solto em minha imaginação outro universo
e o inferno se espalha por mil quarteirões.
Um fogaréu de labaredas e explosões
saindo de minha cabeça – rima e verso.

Quem tem cu tem medo, mas gente má tem treta.
Minha voz como um jorro-vômito direto
sai da boca tal fosse pragas do capeta.
Não sofrerei castigo, sou o predileto.

De meus pés ipês caem flores ao profeta,
e todos adivinham seu futuro tétrico.
Torço-lhes o nariz, sou único e poeta,
meu fim tem um enredo muito mais elétrico.

Em meio às cidades em chamas, bem ungido,
as putas me oferecerão ao deus que creem
pra justificarem o perdão pedido.
Deus, sem acreditar no que seus olhos leem,

chora, lendo a poesia que, sorrindo, eu faço.
Em passadas ligeiras, então, vai comigo
pelos céus com meus versos sob o sovaco
e os lê, autoralmente, ao seu melhor amigo!.

Maiakóvskii


Livre-adaptação de antonio thadeu wojciechowski

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