"A função de um intelectual não é dizer aos outros o
que eles devem fazer. Com que direito o faria? Lembrem-se de todas as
profecias, promessas, injunções e programas que os intelectuais puderam
formular durante os dois últimos séculos, cujos efeitos agora se veem. O
trabalho de um intelectual não é moldar a vontade política dos outros; é,
através das análises que faz nos campos que são os seus, o de interrogar
novamente as evidências e os postulados, sacudir os hábitos, as maneiras de
fazer e pensar, dissipar as familiaridades aceitas, retomar a avaliação das
regras e das instituições e, a partir dessa nova problematização (na qual ele
desempenha seu trabalho específico de intelectual), participar da formação de uma
vontade política (na qual ele tem seu papel de cidadão a desempenhar)."
[M. Foucault. O cuidado com a verdade. In: "Ditos e
escritos": Ética, sexualidade, política. 2.ed. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2006, v.5, p.249]
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