segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

pressões desencadeadas sobre o governo radical

No prefácio para “Diário do Exílio”, de Trotski, Alfred Rosmer escreve sobre as pressões desencadeadas sobre o governo radical-socialista francês, em 1934:
“Nos primeiros de 1934, o pretexto de uma agitação contra o ministério radical no poder à época, e contra o parlamentarismo em geral, fora fornecido por um escândalo financeiro no qual alguns políticos estavam mais ou menos comprometidos. Esse tipo de escândalo estoura de tempo em tempo em todos os países e sob todos os regimes (na Inglaterra, até Lloyd George...) e a guerra e o após-guerra eram tempos favoráveis para essa eclosão. Durante um mês inteiro, ruidosas manifestações desenrolaram-se todas as noites nos arredores do Palácio Bourbon. Juventudes patrióticas fascistas, camelôs da Ação francesa monarquista, Cruz de Fogo, associação nacionalista de antigos combatentes, ocupavam ruas e avenidas aos gritos de “Abaixo os ladrões!”. A polícia, sob as ordens do prefeito Chiappe, cúmplice dos manifestantes, os protegia. Houve muitos, entre aqueles defensores da honestidade, que tinham recebido subsídios do escroque (o inquérito posterior revelou que o próprio distribuíra dois milhões, à “grande” e à “pequena” imprensa, jornais de esquerda e de direita estavam na folha de pagamento); essas demonstrações repetidas encontraram eco naquela parte do povo que na França é sempre possível arrolar sob a bandeira do anti-parlamentarismo (...)”
As diferenças são muitas, mas as semelhanças são assombrosas.
Roberto elias  Salomão


Anisio Garcez Homem_____________________ Mas este é um lado da equação Salomão o outro é: em "Aonde Vai a França" Trotsky escreve um capítulo onde responde à seguinte questão: "é inevitável a passagem das classes médias ao campo do fascismo?". E ele responde que não, mas tudo depende do Partido da classe trabalhadora se desembaraçar da aliança e do jogo parlamentar tutelado com o partido radical (burguês) que não aponta nenhuma saída positiva às massas e construir uma aliança política real com as classes médias em torno de um programa de verdadeiras mudanças sociais. É um dilema que temos para o PT hoje: podemos ganhar os setores médios da sociedade, muitos aliás que já votaram e confiaram no PT, desde que o partido lhes ofereça uma séria política anti-imperialista e de salvaguarda dos interesses sociais diante das investidas regressivas do mercado.

Roberto Elias Salomão___________________ É evidente que à distância de um continente, um hemisfério e 80 anos, as diferenças sobressaem. Mas o que quis ressaltar foi, de um lado, a utilização do mesmo discurso moralista de preferência da burguesia e, de outro, a paralisia do governo.

Anisio Garcez Homem____________________ Salomão, vc tem razão a respeito do discurso moralista, não quis contestar isso, apenas acrescentei que há um outra parte da equação e que diz respeito ao papel do partido e das organizações dos trabalhadores em relação à classe média para não deixar prosperar, no desespero, este discurso manipulado pelo capital financeiro, que é quem financia e incentiva o ódio contra a classe trabalhadora insuflando o fascismo.


Edison Taques___________________________ Em minha humilde opinião, o "partido da classe trabalhadora" já escolheu seu caminho.

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