Há quem questione a conveniência de se classificar as
pessoas como de direita ou de esquerda... Eu acredito que essas categorias
políticas ainda continuam muito válidas. Para mim, é de esquerda o sujeito que
tem sensibilidade social, que não é indiferente à tragédia social da nossa
realidade quotidiana (que não está anestesiado e ainda se choca quando vê --
mesmo aqui no Sul maravilha -- gente revirando o lixo doméstico e comendo a
comida que rejeitamos, quando vê gente morando na rua, quando vê crianças
acompanhando os pais carrinheiros puxando, como burros de carga, seus carrinhos
etc) e faz a opção política correspondente a essa sua insatisfação... É de
esquerda, o sujeito que avalia tudo o que ocorre na sociedade (capitalista) em
que vivemos pela ótica dos trabalhadores e não dos empresários, que não vota em
rico porque este não sabe o que é passar o mês vivendo de salário, que se
preocupa com aqueles que nem salário têm, pois os empresários não geram os
empregos formais necessários para absorver todos os que chegam ao mercado de
trabalho, que acha por isso legítimo o Estado adotar políticas compensatórias
para não deixar conterrâneos nossos morrer de fome, que acha que o Estado, no
capitalismo, normalmente dominado pelos interesses do capital, deve ampliar o
peso dos interesses do trabalho ou da maioria da população etc...
Se você compartilha dessas opiniões, e apoia políticos
comprometidos com a mudança da nossa trágica realidade social, que têm a mesma
urgência que você em enfrentá-la e atribuem prioridade n° 1 a essa questão,
você é de esquerda, mesmo que não saiba...
É claro que essa postura é rejeitada por muitos, e estes são
os que classifico como de direita. E é muito mais rejeitada por uma extrema
direita, aquela direita burra que ainda existe entre nós, principalmente aqui
no Sul...
Domingos van Erven
Nenhum comentário:
Postar um comentário