quinta-feira, 11 de julho de 2013


"É na poesia que se dá a múltipla ação guerrilheira do Tet, quando, por baixo, o ícone invade o corpo verbal, baratinando-o com som e música, fala e cor, tato e espaço e impedindo-o de discursar e de afirmar o que quer que seja fora de si mesmo. A arte, ou melhor, o ícone, é aquele riso rabelaisiano da praça pública que desierarquisa todas as formas, atraindo-as para os baixos corporais da linguagem. Não pode pôr-se a serviço de uma revolução, porque é a revolução; menos ainda a serviço do poder, pois é antipoder por sua própria natureza: luta em seu próprio seio, perpetuamente, contra as hipotaxes finalistas. É por isso que a arte não pode fazer discurso ideológico. Não apenas porque não disponha de predicação lógica, mas por ser um mundo naturalmente opositivo e sublevado contra o velho tirano logo-ideológico que conhece desde e pela raiz, já que dá, a ele, nascimento contínuo... Esta, a verdadeira resistência poética." ::: Décio Pignatari

Nenhum comentário: