“O meu amigo mais
íntimo é o sujeito que vejo todas as manhãs no espelho do quarto de banho, à
hora onírica em que passo pelo rosto o aparelho de barbear. Estabelecemos
diálogos mudos, numa linguagem misteriosa feita de imagens, ecos de vozes,
alheias ou nossas, antigas ou recentes, relâmpagos súbitos que iluminam faces e
fatos remotos ou próximos, nos corredores do passado – e às vezes,
inexplicavelmente, do futuro – enfim, uma conversa que, quando analisamos os
sonhos da noite, parece processar-se fora do tempo e do espaço.”
- Erico Verissimo, em Solo de Clarineta – Memórias, 1º vol.
1973.
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