sábado, 16 de março de 2013



Ontem, uma amiga me perguntou como estava a Azougue. Ao responder para ela, consegui finalmente definir o que tenho percebido sobre a editora: que ter uma editora de cultura no Brasil (talvez qualquer empresa que leve cultura a sério) é nunca atravessar a linha de rebentação. A gente nada e nada, e sempre tem outra onda para mergulhar por baixo, para nos dar um caldo, para tirar o nosso fôlego. Algumas vezes o mar fica mais manso, outras uma ressaca mais brava nos faz comer areia. Mas nunca podemos confiar que agora dará para respirar com calma. Então, o jeito é fazer com muito amor, porque não dá para esperar ter paz. E o jeito é se resignar que será assim, e aprender que é "preciso arrancar alegria ao futuro", como queria o poeta russo. Ficar feliz das pequenas e grandes conquistas, e seguir em frente. Ontem, quando vi que estava na gráfica finalmente o "Conglomerados Newyorkaises", o livro reunindo os facsímiles dos textos do Hélio Oiticica em Nova York, nos anos 1970, organizado pelo Cesinha Oiticica e pelo Fred Coelho, foi um desses momentos. Fizemos o livro com um orçamento que outras editoras não fariam nem um livro de bolso de poesia, e está maravilhoso, quatro cores, capa dura, bombástico. E assim vamos fazendo a roda da cultura brasileira girar, meio na loucura, total no tesão.
 Sérgio Cohn

Nenhum comentário: