quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Polifonia das teias



“Falando a respeito de tempo e espaço, os blog’s assim como qualquer outro conteúdo da internet, têm uma característica especial, pois diferente dos livros
na tela do computador, o leitor tende a ver os conteúdos apenas da página principal, o que se postou anteriormente perde consideravelmente seu significado e importância.
As pessoas procuram novidades e a velocidade com que as informações são divulgadas, com a possibilidade de se navegar em inúmeras páginas em um curto espaço de tempo,
trazem esta sensação do imediatismo, do novo, tornando os conteúdos voláteis. Vemos muitas vezes no blog do Pó&teias, conteúdos sendo postados novamente, ou seja,
o próprio autor tem a consciência de que sua obra  já ficou no esquecimento, trazendo-a à tona com esta nova postagem. “
                                       Eliane Ramos

 Os blogs não eram mais do que simples diários onde as pessoas engavetavam emoções neste emaranhado virtual e etéreo da web,que por sua vez principiara para atender as demandas acadêmicas e militares.
Em curto espaço de tempo esta nova mídia foi ensejando um novo tipo de meio-mensagen ,onde os domínios do subjetivo, íntimo, privado foram se espraiando para uma nova forma de sub-literatura,fora dos cânones acadêmicos, mas  ainda amadora .
Contudo hoje em dia convivem meros rascunhos , como quartos de dormir mal arrumados diante de uma porta escancarada para um olho imenso que a tudo devassa enquanto cegos enquanto se tropeça nas roupas , espalhadas pelo chão.
Com efeito podemos discorrer sobre a sociedade de fim de século, época de transição , de grandes transformações marcada por uma diversidade de formas e camadas de relacionamentos i-nusuais á poucas décadas, onde o ciberespaço cumpre o papel de ponte fantasma entre a inconstância,o delírio e a pseudo profundidade dos contatos que em certo sentido aboliram a interação física;relações superficiais na contradição a  abertura total a desinibição,incluindo a  intima e a erótica em níveis não do experiênciado mas do imaginado.
Quanto ao blog em questão nos remeteremos a sociedade vídeo- adicta , onde o tempo é variante adversa daquela empregada na leitura do livro,o lead e a informação direta, não necessariamente objetiva predominam ,isso em parte já ocorria na literatura ,as shorts-stories e as crônicas, os minicontos  nos jornais; estórias ligeiras.Embora seja platitude ficarmos nesse argumento.Não esqueçamos do fenômeno dos e-boocks.As questões que se apresentam :1) os leitores dos e-books são os mesmos que cultivados  pela leitura dos livros de celulose e seus filhos herdeiros de tais acervos culturais, lêem os dois meios ou não?2)Como ficaram as editoras nesse processo ?
Penso que haverá uma multi- coexistência de maneiras de absorver literatura e cada geração resgatará no espírito de sua época as cores , as paisagens de suas letras,como fora no passado e assim é no presente.
No que se refere ao efêmero do postado,digerido ou não apenas mantém a força breve das breves lembranças,profundidades não trazem a tona o que a juventude busca.Tempestade e ímpeto.Um tiro de uma frase certeira , um conciso veneno ou elixir, bastam, não é a  demanda do santo Graal.revelações profundas ainda são o continente de um bom livro ou de um e-book, talvez.
Com relação ao ocorrido com o referido blog, então denominado Pó&teias  sou de opinião, que as repetições nas postagens, tem mais a ver com o caráter pré-profissional que induzem seus colaboradores a erro por mero esquecimento do que fora postado, creio que se houvesse algum mecanismo que lembra-se que tal ou qual texto já fora publicado, não haveria  tal fato.Uma questão de ordem técnica.
De outra ordem é a qualidade dos textos e a Leitura que deles se fazem pelos leitores “virtuais’,o primeiro pode ser lapidado , filtrado, quanto aos leitores que ora também podem vir a se tornarem colaboradores, está muito ligado a alguns fatores de proximidade seja  de comunidades de relacionamento virtual de perfil literário ou participes de grupos poéticos e de escritores em sua maioria freqüentadores dos mesmos espaços culturais urbanos boêmios ou não, e sim os anônimos presos nas teias do ciberespaço.

Wilson Roberto Nogueira

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