sábado, 8 de dezembro de 2012

ABC DE CASTRO ALVES



“A praça do povo, amiga, como o céu é do condor”.
A praça é do povo, é o seu campo de batalha, onde ele protesta e luta.
Nãos vistes ainda a multidão se agitar na praça como um mar em tormenta que destrói navios e invade o cais?

          No tempo do poeta Castro Alves
          Os negros eram escravos comprados em leilões,
          Mercadoria que se vendia, trocava e explorava.
          E em troca de tudo que eles deram ao branco,
          Sua força, seu suor, suas mulheres e filhas,
          A maciez da sua fala que adoçou a nossa fala,
          Sua liberdade,
          O branco lhe quis dar apenas,
          Além do chicote, os deuses que possuía.

          Mas deuses os negros traziam da África,
          Os deuses da floresta e do deserto,
          E continuaram fiéis aos seus deuses
          Por mais que rezassem ao deuses
          Dos seus donos.

          Do fundo das senzalas vinha o choro convulso
          Dos negros no bater dos atabaques,
          Quando chegava do longínquo das praças
          A inquietação do homens...
          Era toda uma raça que sofria,
          Se desesperava e reagia,
          Conservando alguma coisa de seu,
          Puramente seu.

          ......

          Assim ele via o negro, magnífico, forte e belo,
          Rompendo as cadeias, livre na sua força colossal..l.


Jorge Amado 

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