A curva dos teus olhos dá a volta ao
meu peito
É uma dança de roda e de doçura.
Berço noturno e auréola do tempo,
Se já não sei tudo o que vivi
É que os teus olhos não me viram
sempre.
Folhas do dia e musgos do orvalho,
Hastes de brisas, sorrisos de
perfume,
Asas de luz cobrindo o mundo
inteiro,
Barcos de céu e barcos do mar,
Caçadores dos sons e nascentes das
cores.
Perfume esparso de um manancial de
auroras
Abandonado sobre a palha dos astros,
Como o dia depende da inocência
O mundo inteiro depende dos teus
olhos
E todo o meu sangue corre no teu
olhar.
- Paul Eluard, in "Algumas das
Palavras" (Tradução de Antônio Ramos Rosa)
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