terça-feira, 14 de setembro de 2010

Musa dos olhos verdes

Musa dos olhos verdes, musa alada,

Ó divina esperança,

Consolo do ancião no extremo alento,

E sonho da criança;



Tu que junto do berço o infante cinges

C’os fúlgidos cabelos;

Tu que transformas em dourados sonhos

Sombrios pesadelos;



Tu que fazes pulsar o seio às virgens;

Tu que às mães carinhosas

Enches o brando, tépido regaço

Com delicadas rosas;

Casta filha do céu, virgem formosa



Do eterno devaneio,

Sê minha amante,

os beijos meus recebe,

Acolhe-me em teu seio!



Já cansada de encher lânguidas flores

Com as lágrimas frias,

A noite vê surgir do oriente a aurora

Dourando as serranias.



Asas batendo à luz que as trevas rompe,

Piam noturnas aves,

E a floresta interrompe alegremente

Os seus silêncios graves.



Dentro de mim, a noite escura e fria

Melancólica chora;

Rompe estas sombras que o meu ser povoam;

Musa, sê tu a aurora!

Nenhum comentário: