"Não Verás País Nenhum", a distopia de Ignácio de
Loyola Brandão, livro lançado em 1981, sempre me impressionou e assustou como o
espelho do que podíamos negativamente nos tornar e efetivamente nos tornamos.
Uma ficção passada no começo do século XXI, a ditadura militar nunca terminou,
os desastres e crimes ambientais, os bolsões de calor, a destruição de museus e
reservas.Os miseráveis refugiados, a grande pobreza e desigualdade, as
multinacionais e seus interesses coloniais no país, a desnacionalização, a
privatização, as grandes cercas físicas e sociais aumentando. Os desencontros
das tragédias sociais ampliadas, a destruição da esfera pública e coletiva.
Nós, jovens esperançosos do início dos anos 1980, lemos aquilo com um tom de
perplexidade, angústia e desconfiança. Lamentavelmente o autor apontou
corretamente o nosso futuro, um capitão da ditadura militar entusiasta da
tortura e repressão no poder golpista, com seus empresários, governadores,
assessores e a ARENA continua no comando, com o atual DEM, no Congresso, sempre
continuando a tradição de corrupção, pilhagem e rapina. O "esquema"
detalhado e descrito tristemente no livro é a narrativa de Brumadinho, do Ninho
do Urubu, as mortes em favelas do "novo-velho"desgoverno na sua imensa
ignorância e desprezo pela educação, saúde, direitos trabalhistas, humanos e a
raiva das autoritárias elites tradicionais brasileiras pela ideia de moderna
cidadania e democracia.
RCO
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