Não sei se o teu nome é um véu
ou uma máscara. Uma chave
ou uma lápide.
Sei que em manhãs antigas
eu procurei, na água dos regatos
ou nos seixos da alameda,
o rastro de teus passos por esta parte do mundo.
Sei também -- e como dói a consciência deste saber! --
que tudo passa, ou melhor:
tudo é passagem e passado.
Até a voz com que te grito,
até o gesto com que, de joelhos, me desmereço.
Não, não sei se o teu nome é o véu
que obscurece o céu às seis da tarde
ou o clarão de cem mil sóis
que me cegará um dia.
Sei que é tarde para voltar.
E cedo, muito cedo, para partir.
(Quisera permanecer aqui, e montar uma cabana para mim,
outra para ti
e uma terceira para meus medos.)
Mas sei -- e como é cruel este saber! --
que não virás nunca
porque no fundo, lá no fundo,
tu nunca partiste.
Otto Leopoldo Winck
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