Na perspectiva da história de longa duração já fomos
dominados por tropas de ocupação internas com forças externas algumas vezes.
Somos o que somos em termos de Estado, sociedade e território com estes
acontecimentos dramáticos, que sempre provocaram nossas reações e grandes
saltos de qualidade e quantidade na nossa organização política. Citaria a
conquista e ocupação islâmica, árabe e berbere, muito importante, provocando a
Reconquista (800-1200) e a formação do primeiro Estado Medieval, o território
do Ocidente Ibérico foi o primeiro espaço pós-islâmico e o protótipo de um novo
Estado Etnonacional Europeu, Ibérico e Português. Outra ocupação foi a derrota
em Alcácer-Quibir e a entrega de 1580, com as posteriores Guerras Holandesas e
Espanholas, muito decisivas, nos séculos 17, a conquista do imenso território
do Estado do Brasil reconhecido pelo Tratado de Madri, somente em 1750. Outro
episódio foram as Guerras Napoleônicas, uma grande onda, a transferência da
capital e da monarquia para o Rio de Janeiro, a subsequente Independência
depois do lamentável fracasso do Reino Unido. Em todas as ocorrências tivemos
chefes políticos e militares com apoio popular para lutas e confrontos longos,
desgastantes, incorporando muito dos que nos derrotaram antes e finalmente
sendo vitoriosos na derrota dos ocupantes externos e internos, mas vitórias
provisórias e com ciclos de novas dependências, que somente serão quebrados com
uma verdadeira libertação e emancipação, o que ainda não ocorreu. Darcy Ribeiro
nos interpretava como uma "Nova Roma", saqueamos e pilhamos
ameríndios, fomos o maior importador e sequestrador de seres humanos da África
e somente quando os ex-escravos e seus descendentes assumirem a luta pela
liberdade, igualdade e fraternidade nos tornaremos a Grande Nação, com plenos
direitos humanos, sociais, políticos, educacionais, culturais e ambientais a
que estamos destinados pela nossa grande e longa história no mundo. Há de
chegar este dia.
Ricardo Costa de Oliveira
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