Todo mundo fala em crise
do presidencialismo de coalizão (a brasileira), mas eu acho isso uma balela, ou
seja, não vejo crise nenhuma. Senão, vejamos. A esquerda almeja eleger um
presidente, porque acha que a vitória de um líder popular é o caminho mais
curto e fácil para chegar ou reconquistar o poder (teoria dos freios e
contrapesos). A direita defende o presidencialismo porque considera mais fácil
neutralizar politicamente um líder popular eleito para o Executivo do que um
partido de esquerda de massa politizado, com bancadas fortes e influentes no
parlamento (teoria dos freios e contrapesos). E o centro fisiológico defende o
sistema porque acha que é a melhor forma de chantagear os extremos para
manter-se no poder e no controle do Congresso usufruindo benefícios
clientelistas, qualquer que seja o presidente eleito (teoria dos freios e
contrapesos). De forma que a perspectiva é a de que o sistema dure muito tempo
ainda e, com ele, o poder supostamente neutro e moderador das autoridades judiciais,
sempre pautadas, para dizer o mínimo, por nossa mídia corporativa. Não é à toa
que o Tiririca disse que estava desiludido e ia abandonar a política; suas
expectativas de campanha foram inteiramente frustradas pelos fatos observáveis,
o que causa a revolta, como se sabe. Não resta alternativa àqueles que não
acreditam que a democracia seja um mero valor instrumental, a não ser desfilar
sua impotência no facebookis ou postar fotos de gatinhos no Instagram...
SB
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