Nunca vi nenhum honrado dirigente universitário
democraticamente eleito trair o seu compromisso com os princípios e bases da
universidade pública. Nenhum reitor, diretor, chefe ou gestor anterior, desde
que minimamente progressista, jamais entregou voluntariamente listas sobre
participantes de movimentos grevistas em defesa das universidades. Ninguém
ético e responsável deve obedecer irracionalmente ordens autoritárias e
ilegítimas vindas de golpistas criminosos. Hannah Arendt já escreveu muito
sobre se um gestor de boa fé deve apenas obedecer à hierarquia desconhecendo
ordens da banalidade do mal, ordens ilegítimas e arbitrárias, de instâncias
superiores. Negociar, sim, enfrentar, sim, dedurar, jamais. Cumprir ordens injustas
e ilegítimas sem questioná-las apenas para subir na carreira burocrática, ou
agradar os momentaneamente superiores, sempre terá consequências pessoais
pesadas. Sempre ocorreram pressões de governos descompromissados com a educação
e sempre foram derrotados no final. As universidades públicas sempre foram
bastiões da mais alta qualidade acadêmica, da democracia e das lutas sociais
pela inclusão. Há 35 anos como estudante e docente no sistema federal, desde a
crise final da ditadura militar, conheço bem os espaços de resistência e como
cientista social observo as greves, legítimas e legais, como manifestações
essenciais da vida universitária contra a falta de recursos, o desmonte, a
privatização e a tirania de políticos irresponsáveis em Brasília. Finalmente
estamos entrando em um novo ciclo de lutas esperadas e necessárias para a
sobrevivência das instituições universitárias. Quem tem mais de 20 anos de
universidade se lembra do famigerado ministro Paulo Renato do impopular final
de governo de FHC, do PSDB, quando Gilmar Mendes era da AGU, e como tentaram
cortar o ponto de toda comunidade e quem teve que tirar habeas corpus
preventivo foi o ministro tucano da deseducação. Hoje o nível da justiça
brasileira é muito pior do que há 20 anos, mas as lutas e resistências
ocorrerão. Vão ter que afastar todos os dirigentes democráticos de base e não
terão a quem colocar nos lugares, ainda mais em um desgoverno golpista com a
mais alta impopularidade e em clima de final de feira e de xepa desses
golpistas. Todo apoio aos técnicos e servidores ! Todos devem lutar agora pela
universidade !
RCO
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