Helio Fernandes
Mais um golpe dentro do golpe, nada surpreendente. Geisel
cuidava da sua sucessão, e o ministro do Exercito, Silvio Frota, era
candidatissimo. Mas o "presidente" já decidira: seu sucessor seria o
general Figueiredo, Chefe do SNI.
Conhecendo os objetivos de Frota, montaram vigilância
cerrada em cima dele. Estava fora da capital, souberam que chegaria a Brasília
no dia 12 de outubro, com tudo preparado para tomar o poder. Com os serviços de
Inteligência funcionando 24 horas por dia, souberam que o golpe seria no
próprio dia 5, quando Frota chegasse á capital. Montaram então o contra -
golpe.
Mandaram para o aeroporto, o dobro de soldados e apenas
coronéis. Geisel e Figueiredo mandaram 5 generais de 4 Estrelas. E foram para a
pista, esperar o avião. Assim que o Ministro ia descendo a escada, o general
Hugo Betlem segurou seu braço, disse: "General, o senhor está preso, por
favor, não tente resistir o aeroporto está cercado".
Frota compreendeu a situação, logo parou um carro, Frota e
Betlem entraram atrás, na frente outro general de 4 Estrelas. Foram para o
Planalto, Frota já estava demitido, o substituto era o próprio Betlem. Agora a
parte mais difícil do ponto de vista pessoal e sentimental.
Figueiredo era 3 Estrelas, para "presidente",
precisava ser promovido. Só havia uma vaga de 4 Estrelas.O numero 1 era o Chefe
da Casa Militar do próprio Geisel, Figueiredo era o numero 2. Tradição no
Exercito: o oficial que não é promovido ("caroneado") na sua vez, têm
que passar para a reserva.
Mais tarde Geisel diria: "Sofri muito, mas fiz o que
tinha que fazer". Figueiredo foi promovido, feito "presidente".
PS- 40 anos depois estamos numa encruzilhada ou expectativa:
decidirão novamente por nós?
PS2- Algum outro general de 4 Estrelas traçará nosso
destino, escreverá outro roteiro sem que saibamos como começa ou como termina?
PS3 -INDEC IFRAVEL
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