No dia 4 de abril de 1968, o Nobel da Paz de 1964, Martin
Luther King, morre ao ser baleado em Memphis, nos Estados Unidos.
Em dois atentados anteriores, o reverendo Martin Luther King
conseguira escapar por pouco da morte. O negro que tanto se engajou pela
igualdade de direitos nos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960 alcançou
apenas os 39 anos de idade.
No dia 4 de abril de 1968, foi assassinado com um tiro na
sacada de um hotel em Memphis. O autor do disparo teria motivos supostamente
racistas. Em dezembro de 1999, no entanto, um processo civil no Estado do
Tennessee chegou à conclusão de que sua morte foi planejada por membros da
máfia e do governo norte-americano.
Que homem era este que conseguiu dividir uma nação e ser
amado e odiado ao mesmo tempo? Para melhor entendê-lo, precisamos nos situar no
contexto dos Estados Unidos em plena década de 50: uma superpotência em plena
Guerra Fria, uma nação rica, um país racista.
O país que se considerava modelo de democracia e liberdade,
mas seus habitantes eram classificados de acordo com a raça. Os negros eram
discriminados em todos os setores: na política, na economia e no aspecto
social.
Boicote de ônibus
Os negros norte-americanos não podiam votar, eram chamados
pejorativamente de "nigger" e "boy", seu trabalho não era
devidamente remunerado, e as agressões dos brancos eram rotina. Até que, em
dezembro de 1955, em Montgomery, a costureira negra de 52 anos Rosa Parks
resolveu não ceder seu lugar num ônibus para um passageiro branco.
Parks foi presa e, em decorrência, Martin Luther King,
pastor da cidade, conclamou um boicote dos negros aos ônibus. Em um ano,
tornou-se tão conhecido no país que assumiu a liderança do movimento negro
norte-americano.
O boicote aos ônibus foi apenas o começo. Seguiram-se as
marchas de protesto de King e milhares de defensores dos direitos civis em todo
o país, acompanhadas de violações conscientes da legislação racista. Usavam,
por exemplo, as salas de espera e os restaurantes reservados aos brancos. Nem a
violenta repressão policial enfraqueceu o movimento.
"Temos que levar nossa luta adiante, com dignidade e
disciplina. Não podemos permitir que nosso protesto degenere em violência
física", advertia o pastor batista, não se deixando provocar pela ordem
pública.
EUA divididos para brancos e negros
Ele manteve esta filosofia, mesmo quando os 1.100
participantes do movimento negro radical exigiram a divisão dos Estados Unidos
em dois, para brancos e negros, na Black Power Conference, em 1967.
Vinte e quatro horas antes de sua morte, Martin Luther
pronunciou o célebre discurso em que anunciava ter avistado a terra prometida.
"Talvez eu não consiga chegar com vocês até lá, mas quero que saibam que
nosso povo vai atingi-la", declarou ele, como se previsse a proximidade da
morte.
Seu assassinato provocou consternação internacional. As
inquietações raciais se agravaram em Chicago e Washington. Depois de anunciar o
fim dos bombardeios no Vietnã e sua desistência de se recandidatar à Casa
Branca, o presidente Lyndon Johnson chegou a adiar uma viagem ao exterior.
Em memória a King, no ano de 1983, os Estados Unidos
tornaram feriado nacional a terceira segunda-feira de janeiro (ele havia
nascido em 15 de janeiro de 1929).
1955: Rosa Parks se recusa a ceder lugar a um branco nos
EUA
Autoria Rachel Gessat (rw)
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