Em 8 de setembro de 1917, foi apresentado à Câmara dos
Representantes nos EUA o projeto da 18ª emenda constitucional sugerindo a
completa proibição de bebidas alcoólicas. A Lei Seca entraria em vigor dois
anos depois.
Com o projeto apresentado no dia 8 de setembro de 1917 à
Câmara dos Representantes, e que só entraria em vigor dois anos depois, começou
uma nova era na história dos Estados Unidos, caracterizada pela proibição das
bebidas alcoólicas.
A lei que vigorou no país por quase 14 anos condenava
"a fabricação, a venda, o transporte, a importação e a exportação de
bebidas alcoólicas em toda a área dos Estados Unidos e dos territórios
judicialmente submetidos a eles".
Implementada com o propósito de proteger os cidadãos dos
perigos gerados pelo consumo do álcool, a chamada Lei Seca acabou por provocar
a disseminação de um mal ainda mais perigoso: o crime organizado. Bebidas
alcoólicas passaram a ser traficadas em grande escala. Bandos rivais de
criminosos de Nova York e Chicago controlavam cadeias de destilarias e bares no
país. A prostituição acompanhava com frequência o consumo ilegal do álcool.
Pode-se dizer que um grupo de mulheres foi responsável pela
introdução da Lei Seca nos Estados Unidos. Ainda em 1874, as participantes da
conservadora União Feminina de Temperança Cristã invadiam bares e restaurantes
do país como guerrilheiras carregando a bandeira da proibição do álcool. Com
machados e porretes em punho, elas destruíam todo líquido que viam engarrafado.
Produtores rurais e Igrejas puritanas
Brevemente essas mulheres encontrariam o apoio dos homens às
suas ideias através da Liga Antibares, formada por produtores rurais
conservadores, liderados pelas Igrejas puritanas. No final do século 19, a
Associação Republicana dos Abstinentes já havia conseguido implantar leis
contra o álcool em alguns estados norte-americanos.
Apesar de todas as proibições, a vontade de consumir bebidas
alcoólicas não foi banida dos EUA, mas apenas levada à ilegalidade. A partir da
entrada em vigor da Lei Seca, uma pessoa morria por dia na guerra das
quadrilhas controladoras do tráfico. A indústria de bebidas clandestinas
proliferou por todo o país.
A eclosão da Primeira Guerra Mundial colocou, no entanto, o
argumento decisivo na boca dos inimigos do álcool. Segundo eles, cereais,
levedo, malte a açúcar eram alimentos básicos e não poderiam ser desperdiçados
na fabricação de bebidas alcoólicas em tempos de guerra. Além disso, cerveja e vinho
seriam produtos típicos da Alemanha inimiga. Seu consumo, logo, um ato pouco
patriótico.
Elite universitária e contrabando
Entre as várias maneiras encontradas pelos cidadãos para
burlar a proibição ao consumo do álcool destacou-se a reação dos estudantes da
aristocrática Universidade de Yale, que trataram de fazer com que gângsters
importassem para eles um estoque de uísque escocês para os 14 anos seguintes.
Conhecidos como bootlegger (cano da bota, numa referência à
maneira como os pioneiros haviam um dia traficado álcool para os índios), os
contrabandistas ampliavam cada vez mais seus negócios. O grande chefão, Alfonso
"Al" Capone, entraria para a história como um dos maiores criminosos
de todos os tempos. No entanto, não foi possível à Justiça norte-americana
provar nenhum de seus atos. Al Capone, que se auto-intitulava "vendedor de
móveis antigos", foi processado uma única vez – por sonegação de impostos.
Em dezembro de 1933, o então presidente dos EUA Franklin
Roosevelt reconheceu a insensatez da proibição de bebidas alcoólicas no país. A
medida, que seu antecessor Herbert Hoover havia chamado de uma "grande
experiência social e econômica", foi abolida por Roosevelt em 5 de
dezembro de 1933, levando boa parte do crime organizado à falência.
Autoria Catrin Möderler (sv)
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