No dia 20 de maio de 1970, o líder
chinês manifestou seu apoio ao príncipe cambojano derrubado, Sihanouk, e a Pol
Pot. Pequim começou a desempenhar um papel ativo no conflito do Camboja.
1960: Mao Zedong known as Mao Tse-tung (1893 - 1976) the communist
leader and first chairman of the People's Republic from 1949. (Photo by Hulton
Archive/Getty Images)
Mao Zedong Mao Tse-tung China 1960
Desde 1964, o governo cambojano
vinha enfrentando uma rebelião comunista em seu território, com o surgimento do
Khmer Vermelho, o que tornara difícil manter o país à margem da Guerra do
Vietnã. A China, que sempre combatera a Guerra Fria, apoiava o Vietnã do Norte
(comunista) no conflito contra os Estados Unidos.
A utilização do território
cambojano como refúgio das tropas norte-vietnamitas e dos guerrilheiros
comunistas do Vietnã do Sul levara os EUA a frequentes bombardeios no país.
Segundo o perito Heinz Kotte, os norte-americanos lançaram sobre o Camboja uma
carga de explosivos cinco vezes mais potente do que as bombas de Hiroshima.
O rei Norodom Sihanouk, líder do
partido Comunidade Socialista Popular, insistiu na neutralidade do Camboja e
foi deposto, a 20 de março de 1970, pelo marechal Lon Nol, seu antigo
primeiro-ministro. Nol era uma perfeita marionete dos Estados Unidos, que
tramaram o golpe.
A decisão de Mao Tse-tung de
socorrer Sihanouk não significou uma abertura ideológica do regime comunista
chinês. Também não era fruto da simpatia de Mao com o Terceiro Mundo, mas, antes,
de uma mudança no cenário político internacional. Um ano antes, haviam ocorrido
violentos conflitos de fronteira, com centenas de mortos, entre a União
Soviética e a China, o que abalou as relações entre as duas potências
ideologicamente irmãs.
Formação de alianças estratégicas
Em 1970, o Vietnã do Norte
precisava urgentemente dos mísseis soviéticos para combater os bombardeiros
B-52 dos EUA. Essa forte dependência implicava também a aproximação ideológica
com a União Soviética. Após a morte de Ho Chi Minh, em 1969, líderes
pró-soviéticos assumiram o poder no Vietnã.
Para contrabalançar o eixo
vietnamita-soviético, Pequim buscou uma aliança com o Camboja. Segundo o perito
Kotte, a "China ganhou pontos no plano internacional ao apoiar Sihanouk. O
rei era tido como representante do Camboja nos países ocidentais que não
seguiam rigorosamente a linha norte-americana".
A China concedeu asilo político a
Sihanouk que, em parceria com o Khmer, formou em Pequim o Governo Real de União
Nacional do Camboja (Grunc), logo reconhecido por mais de 20 países. Convencido
de haver encontrado em Sihanouk e no movimento guerrilheiro do Khmer Vermelho
os parceiros certos, Mao desafiou, pela última vez, os EUA, afirmando que o
governo de Richard Nixon estava isolado internacionalmente.
Em 1972, Pequim estabeleceu
relações diplomáticas com os Estados Unidos para formar um contrapeso a Moscou.
No Camboja, o Khmer Vermelho tomou o poder, implantando um regime totalitário e
sangrento, responsável pelo extermínio de 3,7 milhões de cambojanos. No dia 20
de maio de 1970, Mao Tse-tung ainda havia conclamado os povos do mundo a se
unirem "para combater os agressores norte-americanos e todos os seus
lacaios".
Em janeiro de 1976, o nome do
Camboja foi mudado para Kampuchea Democrático. Em abril daquele ano, Pol Pot –
líder máximo do Khmer Vermelho – tornou-se primeiro-ministro. No ano seguinte,
o regime comunista cambojano intensificou sua aproximação com a China e adotou
uma política agressiva em relação ao Vietnã, oficialmente reunificado em julho
de 1976, dois meses antes da morte de Mao Tse-tung.
Autoria Shin Ming (gh)
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