domingo, 16 de abril de 2017

Não costumo falar de religião aqui no Facebook, mas nessa semana presenciei um diálogo inusitado na mesa ao lado à minha no almoço. Dizia um dos rapazes: "as pessoas interpretam mal o Diabo, ele é um cara bom". Fiquei atento aos argumentos. "Os bandidos não merecem morrer?", indagava aos colegas, que balançavam suas cabeças positivamente. "Então, o que precisa ser feito com o bandido depois da morte?". Pausou por alguns instantes para que os demais refletissem, e concluiu: "o Diabo apenas tortura essas pessoas ruins, enquanto Deus recebe as pessoas boas. Cada um faz seu papel". Bom, claro que política e religião se confundem: a ideia do justiçamento ou a tortura se tornaram desejáveis para as pessoas como forma de "punir os maus", na vida e, nesse caso, até mesmo na eternidade. Claro que não há nada mais contraditório à trajetória atribuída ao Jesus Cristo do que essa sociedade da intolerância e violência. Por isso, em tempos sombrios como o que vivemos, quem começa a se tornar referência é, de fato, o Diabo.

ACBM

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