quinta-feira, 27 de abril de 2017

China ignora 50 anos da Revolução Cultural


Há meio século, tinha início em Pequim o período marcado por levantes estudantis e violenta perseguição política. Governo chinês negligencia data histórica e aperta cerco a discussões sobre o evento nas redes sociais.


A revolução que a China quer esquecer

Nesta segunda-feira (16/05), a mídia chinesa ignorou em grande parte um importante aniversário na história do país, o de 50 anos da Revolução Cultural. Ao mesmo tempo, as autoridades abafavam discussões nas redes sociais sobre um dos capítulos mais violentos da história recente da China.
Já no fim de semana, os censores apertaram o cerco a menções ao aniversário histórico na internet. Nesta segunda-feira, houve apenas algumas poucas referências ao evento.

A Phoenix TV, uma das poucas emissoras particulares com permissão para operar no território chinês, entrevistou pessoas jovens para conhecer suas opiniões sobre a Revolução Cultural, obtendo respostas como "idealismo" e "confusão".

"Grande salto adiante"

Em 16 de maio de 1966, políticos de alto escalão do Partido Comunista se reuniram em Pequim para banir funcionários que haviam caído em desgraça junto ao então líder Mao Tsé-tung e lançar o que ficaria conhecido como Revolução Cultural.

A cúpula produziu um documento que delineava o novo curso do "Grande salto adiante", tomado pelo Partido. Tal curso englobava a mobilização em massa de cidadãos em coletivos dedicados a uma única indústria ou cultivo, como também um rompimento com os costumes tradicionais chineses por meio da destruição dos chamados Quatros Velhos: velhas ideias, velhos costumes, velhos hábitos e velha cultura.

Catástrofe

Essa política durou uma década, até a morte de Mao, em 1976. Devido às violentas perseguições, à fome e ao deslocamento de jovens bem qualificados para regiões rurais, o período da Revolução Cultural foi classificado posteriormente como uma "catástrofe".

Na sequência de citações do Pequeno livro vermelho de Mao, facções rivais de grupos paramilitares estudantis, conhecidos como Guardas Vermelhos, começaram a lutar entre si em torno da pureza ideológica, criando um clima de tal medo que muitos se recusaram a se opor a eles.

O Partido Comunista reconheceu a natureza desastrosa da Revolução Cultural, mas tentou minimizar o máximo possível a responsabilidade de Mao, cujo retrato em grande formato ainda se encontra pendurado na célebre Praça da Paz Celestial, em Pequim.





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