Há meio século, tinha início em Pequim o período marcado por
levantes estudantis e violenta perseguição política. Governo chinês negligencia
data histórica e aperta cerco a discussões sobre o evento nas redes sociais.
A revolução que a China quer esquecer
Nesta segunda-feira (16/05), a mídia chinesa ignorou em
grande parte um importante aniversário na história do país, o de 50 anos da
Revolução Cultural. Ao mesmo tempo, as autoridades abafavam discussões nas
redes sociais sobre um dos capítulos mais violentos da história recente da
China.
Já no fim de semana, os censores apertaram o cerco a menções
ao aniversário histórico na internet. Nesta segunda-feira, houve apenas algumas
poucas referências ao evento.
A Phoenix TV, uma das poucas emissoras particulares com
permissão para operar no território chinês, entrevistou pessoas jovens para
conhecer suas opiniões sobre a Revolução Cultural, obtendo respostas como
"idealismo" e "confusão".
"Grande salto adiante"
Em 16 de maio de 1966, políticos de alto escalão do Partido
Comunista se reuniram em Pequim para banir funcionários que haviam caído em
desgraça junto ao então líder Mao Tsé-tung e lançar o que ficaria conhecido
como Revolução Cultural.
A cúpula produziu um documento que delineava o novo curso do
"Grande salto adiante", tomado pelo Partido. Tal curso englobava a
mobilização em massa de cidadãos em coletivos dedicados a uma única indústria
ou cultivo, como também um rompimento com os costumes tradicionais chineses por
meio da destruição dos chamados Quatros Velhos: velhas ideias, velhos costumes,
velhos hábitos e velha cultura.
Catástrofe
Essa política durou uma década, até a morte de Mao, em 1976.
Devido às violentas perseguições, à fome e ao deslocamento de jovens bem
qualificados para regiões rurais, o período da Revolução Cultural foi
classificado posteriormente como uma "catástrofe".
Na sequência de citações do Pequeno livro vermelho de Mao,
facções rivais de grupos paramilitares estudantis, conhecidos como Guardas
Vermelhos, começaram a lutar entre si em torno da pureza ideológica, criando um
clima de tal medo que muitos se recusaram a se opor a eles.
O Partido Comunista reconheceu a natureza desastrosa da
Revolução Cultural, mas tentou minimizar o máximo possível a responsabilidade
de Mao, cujo retrato em grande formato ainda se encontra pendurado na célebre
Praça da Paz Celestial, em Pequim.
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