"Então vi o Aleph. [...] começa aqui o meu desespero de
escritor. Toda linguagem é um alfabeto de símbolos cujo exercício pressupõe um
passado que os interlocutores compartem; como transmitir aos outros esse
infinito Aleph, que minha tímida memória mal e mal abarca? [...] Mesmo porque o
problema central é insolúvel: a enumeração, sequer parcial, de um conjunto
infinito. Nesse instante gigantesco, vi milhões de atos agradáveis ou atrozes;
nenhum me assombrou mais que o fato de que todos ocupassem o mesmo ponto, sem
superposição e sem transparência. O que meus olhos viram foi o simultâneo; o
que transcreverei será sucessivo, pois a linguagem o é. Algo, entretanto,
registrarei."
.
“Entoces vi el Aleph. [...] empieza, aquí mi desesperación
de escritor. Todo lenguage es un alfabeto de símbolos cujo ejercicio presupone
un pasado que los interlocutores comparten; ¿como transmitir a los otros el
infinito Aleph, que mi temerosa memoria apenas abarca? [...] Por lo demás, el
problema central es irresolubre: la enumeración, siquiera parcial, de un
conjunto infinito. En ese instante gigantesco, he visto millones de actos
debitables o atroces; ninguno me assombro com el hecho de que todos ocupan el
mismo punto, sin superposición y sin transparencia. Lo que vieron mis hojos fue
simultâneo: lo que transcrebiré, sucesivo, porque el lenguage lo es. Algo, sin
embargo, recogeré.”
- Jorge Luis Borges em "O Aleph" - Obras Completas
Vol., [tradução Flávio José Cardozo]. São Paulo: Globo, 1998, p. 695.
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