sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

"Le ''ça ira''"

Versione della Fête de la Fédération (14 luglio 1790)

" Ah ça ira ça ira ça ira
Les aristocrates à la lanterne
Ah ça ira ça ira ça ira
Les aristocrates on les pendra
Et quand on les aura tous pendus,
On leur fichera la pelle au cul!

V'la trois cents ans qu'ils nous promettent
Qu'on va nous accorder du pain
V'la trois cents ans qu'ils donnent des fêtes
Et qu'ils entretiennent des catins
V'la trois cents ans qu'on nous écrase
Assez de mensonges et de phrases
On ne veut plus mourir de faim

Ah ça ira ça ira ça ira
Les aristocrates à la lanterne
Ah ça ira ça ira ça ira
Les aristocrates on les pendra
Et quand on les aura tous pendus,
On leur fichera la pelle au cul

V'la trois cents ans qu'ils font la guerre
Au son des fifres et des tambours
En nous laissant crever d'misère
Ça n'pouvait pas durer toujours
V'la trois cents ans qu'ils prennent nos hommes
Qu'ils nous traitent comme des bêtes de somme
Ça n'pouvait pas durer toujours

Ah ça ira ça ira ça ira
Les aristocrates à la lanterne
Ah ça ira ça ira ça ira
Les aristocrates on les pendra
Et quand on les aura tous pendus
On leur fichera la pelle au cul

Le châtiment pour vous s'apprête
Car le peuple reprend ses droits
Vous vous êtes bien payé nos têtes
C'en est fini Messieurs les rois
Il n' faut plus compter sur les nôtres
On va s'offrir maint'nant les vôtres
Car c'est nous qui faisons la loi

Ah ça ira ça ira ça ira
Les aristocrates à la lanterne
Ah ça ira ça ira ça ira
Les aristocrates on les pendra
Et quand on les aura tous pendus
On leur fichera la pelle au cul "


"Le ''ça ira''" por Edith Piaf (Google Play • iTunes)

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Ricardo Pedrosa Alves


vende-se ou aluga-se estonteante república de bananas, bois, grãos, açúcares e trabalhadores sem direito. investimento garantido: um dos maiores retornos financeiros do mercado. a aposta das próximas duas décadas! grandes áreas ainda por desmatar. inclui reservas de água, minério, petróleo e mão-de-obra domesticada e católica. segurança completa, não perca a oportunidade. o charme dos trópicos, com exotismo e espetáculos populares, tornam a experiência de ganhar dinheiro na propriedade um excelente investimento para o turismo sexual. negócio seguro, combinando a modernidade de uma legislação atualizada com a tradição de 516 anos no mercado.

Nos últimos dias a imprensa hegemônica do Brasil passou a divulgar as investigações do Departamento de Justiça dos EUA sobre a corrupção na Petrobrás. O que era apenas uma suspeita dos advogados do ex-presidente Lula, se confirmou como realidade cristalina.

Agora é possível entender porque Moro, muito zelosamente, sempre censurou as perguntas feitas pela defesa de Lula a delatores e testemunhas de acusação sobre a assinatura de acordos de colaboração com autoridades policiais e judiciais norte-americanas.

por Jeferson Miola


Por las calles de España...É a mesma equação: onde o neoliberalismo rapineiro avança, os direitos sociais minguam. A diferença é que, no Brasil, os grandes capitais representados pela corja corrupta que governa o país, estão agindo "a pedido" de centenas de milhares de verdeamarelos coxinhas que foram, repetidamente, às ruas e às panelas implorar para que a desgraça os atingisse.

Valéria Arias

sábado, 24 de dezembro de 2016

Quando os bares de rua de Curitiba entram em recesso é porque o ano realmente acabou. Aqui vai minha avaliação de 2016. Foi um ano excelente para o país. Finalmente as pessoas começaram a discutir ideias, já que a situação obrigou muitos a saírem de sua comodidade para não ficarem numa situação ainda pior. É com a discussão de ideias que colocamos nossas posições à prova. Pois coletivamente temos mais chances de perceber as falsidades e os erros. Não custa lembrar que foi com a discussão de ideias que a civilização e a ciência se desenvolveram com força.
A tão sonhada revolução nacional começou. E revoluções não acontecem de maneira tranquila e sem problemas. Elas exigem ainda mais atenção para não tomarmos caminhos errados, como o caminho da supressão dos direitos humanos e da democracia.

Thiago Melo

A CAVERNA E NOSSA SOCIEDADE


RENATO RIBEIRO VELLOSO *

A metáfora narrada por Platão em “A Republica”, cheia de mitos, foi criada
para compreendermos a realidade em que a humanidade se encontra, ou seja, estamos
sujeitos as sombras e vê-las como a verdade.
Em seu livro ele relata um grupo de pessoas que vivem no fundo de uma
caverna, todos foram presos na infância, imobilizados por correntes, sentados de costas
para a entrada da caverna, sem poder se moverem olhando sempre para o fundo da
caverna. Assim como a sociedade atual, o povo do subterrâneo, tem a sua existência
dominada pela ignorância, se contentando com a luz projetada nos objetos, que formam
sombras que surgem e desaparecem diante de seus olhos. As pessoas precisam sair da
caverna para chegar a um conhecimento superior, abrindo a mente para novas
experiências, para novos horizontes, podendo assim crescer interiormente e
politicamente.
Mas com isso Platão nos mostra como é difícil e doloroso chegarmos ao
conhecimento, se formos libertados e arrastados para longe de nossas cavernas, nos
sendo obrigado a percorrer caminhos indefinidos, para romper a ignorância. Em
primeiro instante a luminosidade não nos permitira enxergar nada, nesse instante não
iríamos conseguir capturar nada em sua totalidade, a princípio, entenderíamos as
sombras, porém com a persistência, finalmente poderemos ver os objetos em sua
totalidade, com perfis definidos, conseguindo distinguir os próprios seres.
Mas esta nova etapa não consiste apenas em descobrir, mas ir a busca de algo
superior, como contemplar idéias que regem as sociedades, conhecendo a verdade e
reunindo a inteligência, a moral e a lógica. Assim logo compreenderíamos que as
sombras, as quais estamos acostumados, são as coisas que consideramos reais, e que a
luz são as idéias verdadeiras, o conhecimento verdadeiro. Assim notamos a passagem da
ignorância para a opinião e depois para o conhecimento. Podendo contemplar as idéias,
tornando-se apto para descobrir que a luz representa a razão.
Então quando voltamos para a caverna, nossos antigos companheiros que
continuaram na escuridão da caverna, zombariam de nossas idéias, pois imaginam que o
mundo que conhecem é o único mundo verdadeiro e o pior, não querem se livrar dele,
isso porque estão presos a um método incorreto de ver a realidade e só conhecem aquele
mundo. Imaginam essa pessoa como um egocêntrico, um extravagante, ou um doido
como foram considerados a maioria dos pensadores.
Mas se alguns o ouvissem, e também decidissem sair de suas cavernas rumo a
realidade, não haveria tanta desigualdade, os sábios não devem apenas socializar os
conhecimentos, mas devem sim, ser chamados as regências das sociedades. O homem
justo em nada difere do estado justo, a mesma moral para o homem e o Estado
prudência, coragem e temperança.
O governo das cidades cabe aos mais instruídos e a aqueles que manifestam
mais indiferença ao poder, pela simples razão de serem os únicos a vislumbrar o belo, o
justo e o bem. Aquele que vê o bem em sua essência vive na realidade. O verdadeiro
líder é aquele que conduz sua alma racionalmente para se dirigir ao bem verdadeiro,
utilizando à energia do amor, podendo assim compreender a justiça, a honra, a
fidelidade, ou seja, todas as virtudes supremas.

BIBLIOGRAFIA

Platão, A Republica. Supervisão editorial Jair Lot Vieira. Bauru – 2001
Chalita, Gabriel. Vivendo a Filosofia – Filosofia antiga 1. São Paulo – Minden – 1998

* Renato Ribeiro Velloso - Bacharel em Direito pela Universidade Bandeirante de São Paulo – UNIBAN, Sub-Coordenador do Núcleo de Desenvolvimento Acadêmico da OAB SP, Conciliador Patronal do Sindicato das Micros ePequenas Empresas - SIMP, Membro do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais - IBCCrim.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

El cuento del niño malo



Mark Twain

Había una vez un niño malo cuyo nombre era Jim. Si uno es observador advertirá que en los libros de cuentos ejemplares que se leen en clase de religión los niños malos casi siempre se llaman James. Era extraño que este se llamara Jim, pero qué le vamos a hacer si así era.

Otra cosa peculiar era que su madre no estuviese enferma, que no tuviese una madre piadosa y tísica que habría preferido yacer en su tumba y descansar por fin, de no ser por el gran amor que le profesaba a su hijo, y por el temor de que, una vez se hubiese marchado, el mundo sería duro y frío con él.

La mayor parte de los niños malos de los libros de religión se llaman James, y tienen la mamá enferma, y les enseñan a rezar antes de acostarse, y los arrullan con su voz dulce y lastimera para que se duerman; luego les dan el beso de las buenas noches y se arrodillan al pie de la cabecera a sollozar. Pero en el caso de este muchacho las cosas eran diferentes: se llamaba Jim y su mamá no estaba enferma ni tenía tuberculosis ni nada por el estilo.

Al contrario, la mujer era fuerte y muy poco religiosa; es más, no se preocupaba por Jim. Decía que si se partía la nuca no se perdería gran cosa. Solo conseguía acostarlo a punta de bofetadas y jamás le daba el beso de las buenas noches; antes bien, al salir de su alcoba le halaba las orejas.

Este niño malo se robó una vez las llaves de la despensa, se metió a hurtadillas en ella, se comió la mermelada y llenó el frasco de brea para que su madre no se diera cuenta de lo que había hecho; pero acto seguido… no se sintió mal ni oyó una vocecilla susurrarle al oído: “¿Te parece bien hacerle eso a tu madre? ¿No es acaso pecado? ¿Adónde van los niños malos que se engullen la mermelada de su santa madre?”, ni tampoco, ahí solito, se hincó de rodillas y prometió no volver a hacer fechorías, ni se levantó, con el corazón liviano, pletórico de dicha, ni fue a contarle a su madre cuanto había hecho y a pedirle perdón, ni recibió su bendición acompañada de lágrimas de orgullo y de gratitud en los ojos. No; este tipo de cosas les sucede a los niños malos de los libros; pero a Jim le pasó algo muy diferente: se devoró la mermelada, y dijo, con su modo de expresarse, tan pérfido y vulgar, que estaba “deliciosa”; metió la brea, y dijo que esta también estaría deliciosa, y muerto de la risa pensó que cuando la vieja se levantara y descubriera su artimaña, iba a llorar de la rabia. Y cuando, en efecto, la descubrió, aunque se hizo el que nada sabía, ella le pegó tremendos correazos, y fue él quien lloró.

Una vez se encaramó a un árbol de manzana del granjero Acorn para robar manzanas, y la rama no se quebró, ni se cayó él, ni se quebró el brazo, ni el enorme perro del granjero le destrozó la ropa, ni languideció en su lecho de enfermo durante varias semanas, ni se arrepintió, ni se volvió bueno. Oh, no; robó todas las manzanas que quiso y descendió sano y salvo; se quedó esperando al cachorro, y cuando este lo atacó, le pegó un ladrillazo. Qué raro… nada así acontece en esos libros sentimentales, de lomos jaspeados e ilustraciones de hombres en levitas, sombrero de copa y pantalones muy cortos, y de mujeres con vestidos que tienen la cintura debajo de los brazos y que no se ponen aros en el miriñaque. Nada parecido a lo que sucede en los libros de las clases de religión.

Una vez le robó el cortaplumas al profesor, y temiendo ser descubierto y castigado, se lo metió en la gorra a George Wilson… el pobre hijo de la viuda Wilson, el niño sanote, el niñito bueno del pueblo, el que siempre obedecía a su madre, el que jamás decía una mentira, al que le encantaba estudiar y le fascinaban las clases de religión de los domingos. Y cuando se le cayó la navaja de la gorra, y el pobre George agachó la cabeza y se sonrojó, como sintiéndose culpable, y el maestro ofendido lo acusó del robo, y ya iba a dejar caer la vara de castigo sobre sus hombros temblorosos, no apareció de pronto un juez de paz de peluca blanca, para pasmo de todos, que dijera indignado:

-No castigue usted a este noble muchacho… ¡Aquel es el solapado culpable!: pasaba yo junto a la puerta del colegio en el recreo, y aunque nadie me vio, yo sí fui testigo del robo.

Y, así, a Jim no lo reprendieron, ni el venerable juez les leyó un sermón a los compungidos colegiales, ni se llevó a George de la mano y dijo que tal muchacho merecía un premio, ni le pidió después que se fuera a vivir con él para que le barriera el despacho, le encendiera el fuego, hiciera sus recados, picara leña, estudiara leyes, le ayudara a su esposa con las labores hogareñas, empleara el resto del tiempo jugando, se ganara cuarenta centavos mensuales y fuera feliz. No; en los libros habría sucedido así, pero eso no le pasó a Jim. Ningún entrometido vejete de juez pasó ni armó un lío, de manera que George, el niño modelo, recibió su buena zurra y Jim se regocijó porque, como bien lo saben ustedes, detestaba a los muchachos sanos, y decía que este era un imbécil. Tal era el grosero lenguaje de este muchacho malo y negligente.

Pero lo más extraño que le sucediera jamás a Jim fue que un domingo salió en un bote y no se ahogó; y otra vez, atrapado en una tormenta cuando pescaba, también en domingo, no le cayó un rayo. Vaya, vaya; podría uno ponerse a buscar en todos los libros de moral, desde este momento hasta las próximas Navidades, y jamás hallaría algo así. Oh, no; descubriría que indefectiblemente cuanto muchacho malo sale a pasear en bote un domingo se ahoga: y a cuantos los atrapa una tempestad cuando pescan los domingos infaliblemente les cae un rayo. Los botes que llevan muchachos malos siempre se vuelcan en domingo, y siempre hay tormentas cuando los muchachos malos salen a pescar en sábado. No logro comprender cómo diablos se escapó este Jim. ¿Será que estaba hechizado? Sí… esa debe ser la razón.

La vida de Jim era encantadora, así de sencillo. Nada le hacía daño. Llegó al extremo de darle un taco de tabaco al elefante del zoológico y este no le tumbó la cabeza con la trompa. En la despensa buscó esencia de hierbabuena, y no se equivoco ni se tomó el ácido muriático. Robó el arma de su padre y salió a cazar el sábado, y no se voló tres o cuatro dedos. Se enojó y le pegó un puñetazo a su hermanita en la sien, y ella no quedó enferma, ni sufriendo durante muchos y muy largos días de verano, ni murió con tiernas palabras de perdón en los labios, que redoblaran la angustia del corazón roto del niño. Oh, no; la niña recuperó su salud.

Al cabo del tiempo, Jim escapó y se hizo a la mar, y al volver no se encontró solo y triste en este mundo porque todos sus seres amados reposaran ya en el cementerio, y el hogar de su juventud estuviera en decadencia, cubierto de hiedra y todo destartalado. Oh, no; volvió a casa borracho como una cuba y lo primero que le tocó hacer fue presentarse a la comisaría.

Con el paso del tiempo se hizo mayor y se casó, tuvo una familia numerosa; una noche los mató a todos con un hacha, y se volvió rico a punta de estafas y fraudes. Hoy en día es el canalla más pérfido de su pueblo natal, es universalmente respetado y es miembro del Concejo Municipal. Fácil es ver que en los libros de religión jamás hubo un James malo con tan buena estrella como la de este pecador de Jim con su vida encantadora.

FIN



“The Story of the Bad Little Boy”, 1875



domingo, 18 de dezembro de 2016

"Brasil acima de tudo", assim pensavam grupos da antiga classe dominante brasileira. Grupos conservadores e de direita também eram caracterizados por ardente nacionalismo. Quando isto mudou para os serviçais de interesses estrangeiros ? O antigo projeto da Independência, os valores do nativismo brasileiro, a campanha de nacionalização contra imigrantes estrangeiros inassimiláveis no Brasil, o desprezo contra entreguistas, tudo isto formava parte da mentalidade de uma elite política conservadora e de direita na primeira metade do século XX. O ponto mais obscuro na falta de transparência da farsa a jato é a relação com algumas autoridades estrangeiras dos Estados Unidos. "Para os advogados de Lula, a força-tarefa comete irregularidades ao cooperar com os EUA sem transparência. Ou seja, sem atender aos tratados de cooperação que obrigam o Estado brasileiro, via Ministério da Justiça e Procuradoria Geral da República, a participar das trocas de informações."(JornalGGN). Como as principais empresas brasileiras, a Petrobras, as grandes empreiteiras, as empresas de tecnologia, infraestrutura, as nossas grandes empresas estratégicas foram "criminosamente" atingidas por interesses estrangeiros entreguistas. Tudo isto será revelado quando as informações forem desclassificadas, como a "Brother Sam" já foi... O pai do juiz Moro, futuro professor Dalton Moro, foi fazer uma "visita" aos EUA em 1965, um ano após o golpe no Brasil, no ano da invasão da República Dominicana. "Americano do Norte é tão bonzinho" !

 http://jornalggn.com.br/…/reportagem-confirma-apoio-secreto…
"Não só de pão vive o homem. Eu se tivesse fome e estivesse à míngua na rua não pediria um pão; pediria meio pão e um livro. E daqui eu ataco violentamente aos que somente falam de reivindicações econômicas sem jamais apontar as reivindicações culturais que é o que os povos pedem aos gritos. Bem está que todos os homens comam, porém que todos os homens saibam. Que desfrutem de todos os frutos do espírito humano porque o contrário seria convertê-los em máquinas a serviço do Estado, seria convertê-los em escravos de uma terrível organização social."
.
García Lorca

fonte : Elfi Kürten Fenske

Liberdade


Não ficarei tão só no campo da arte,
e, ânimo firme, sobranceiro e forte,
tudo farei por ti para exaltar-te,
serenamente, alheio à própria sorte.
Para que eu possa um dia contemplar-te
dominadora, em férvido transporte,
direi que és bela e pura em toda parte,
por maior risco em que essa audácia importe.
Queira-te eu tanto, e de tal modo em suma,
que não exista força humana alguma
que esta paixão embriagadora dome.
E que eu por ti, se torturado for,
possa feliz, indiferente à dor,
morrer sorrindo a murmurar teu nome”

(Carlos Marighella)

domingo, 11 de dezembro de 2016

Cuando llegues a amar

Cuando llegues a amar, si no has amado,
sabrás que en este mundo
es el dolor más grande y más profundo
ser a un tiempo feliz y desgraciado.

Corolario: el amor es un abismo
de luz y sombra, poesía y prosa,
y en donde se hace la más cara cosa
que es reír y llorar a un tiempo mismo.

Lo peor, lo más terrible,
es que vivir sin él es imposible.

RUBÉN DARÍO


Biblioteca Digital Ciudad Seva

sábado, 10 de dezembro de 2016

Desgoverno!


Quem criou a possibilidade para isto acontecer?
Quem abriu as portas para os fundos, pra um retrocesso?
Massa de coxinha ou, massa de manobra?
Agora, pouco importa.
Estamos afundando no mesmo barco.
"INTERJEIÇÃO"
Qual é a atitude
que você está tomando, moço?
Que grito você está dando
que eu não ouço?
Que é que está adiantando
falar grosso?
Que laço, que fita, que farsa
que nó é esse amarrado
no pescoço?
Moço, que palhaçada, que festa
é essa? Que luz
se nos taparam o sol?
Que é que resta, que é que presta
como é que se pode nadar
no meio de tanto anzol?
E quando a corrida começa
todo mundo disparado
pisando em quem tropeça
Moço, que incongruência
um sorriso numa hora dessa...

(Bruna Lombardi)

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

poloneses discriminados
Penso que também os poloneses são estigmatizados, são alvo de intolerância e preconceito.
Aqui(Brasil ,Curitiba ) havia mais ,hj não .Expressões como;" Polaco da Barreirinha que só come farinha "(dizendo que são pobres, camponeses e ignorantes ,colonos daquele hoje bairro) ou na europa quando chamavam de "negros virados do avesso "
Mesmo entre os poloneses havia certo senão. expressões como polonaise  (polonês culto, da "slachta") era distinto do campônio "polaco " e as polonesas distintas das "polacas"(judias prostituídas )vindas das aldeias da Rússia, enganadas por falsos casamenteiros(as).atualmente isso saiu de cena.O imigrante é bem visto embora algumas vezes ainda confundam com alemães, lituanos ou "pior" russos. rzz.
Gostaria que a grande família eslava esquecesse o sangue derramado e exercesse o perdão, queimasse numa grande fogueira o ódio e a mágoa.
minha família materna é de origem russa e polonesa.(Incrível)
Vieram do lugar onde é Pererub na Belarus. Meu avô Valentin Kolodycz serviu na cavalaria polonesa e minha avó Evgenia ,nascida , Pleshtshko camponesa.
russos e poloneses se detestam. fruto do cisma do cristianismo, das convulsões políticas de ambos e muito além...mas a alma é a terra, o céu, os campos isso os aproximam embora o russo seja assim...meio sem noção ,o que alegra o diabo ao invadir de quando em vez sua alma distraída de camponês.
Os russos tbm são discriminados também.


1994/ 12/04
Wilson Roberto Nogueira

Kronos devora suas Próprias Sementes



                   Piraí do Sul,Paraná,21052005.

    Resgatando lembranças nas brasas acesas,
    ocultas em cada pranto um lamento de lava,
    lavando a alma,
    marejando marés,
    lacrimejando ácido ondulante em ondas de fogo,
    liquido remorso morrendo em replay na memória.
    Oração de murmúrios,
    algaravia de dores,
    cristais de pontas adamantinas no olhar vítreo.
    Morto de tão vivo.
    Saltando na nuvem o pensamento ,
    vivendo éter eterno na mente,
    eternamente na moldura de mármore da lembrança.

    Sonhos pesando olhos carregados,
    filmes mudos em slowmotion
    que a argamassa desfaz,
    a cada golpe ,
    uma estocada no tijolo da finitude
    A flor plantada na carne inerte ,
    A carne des-mobiliada da alma.
    Cada quadro ou livro,
    baú ou arquivo
    morto.
    Pó etéreo vagando diluído em dezenas de páginas,
    que a memória da vida escreveu.
    Em cada palavra a imagem em carne e sonho.

    Pesadelos são ausências lacunas,
    des-conexão sem a eletricidade de músicas do passado,
    sem explosões ou maremotos,
    calor ou frio,
    a dor da perda a morte real
    acompanha a ausência do não compartilhado.
    A memória é a fonte da vida eterna,
    alma imorredoura,
     argamassa vedando os tijolos sepulta

    Na solidão apenas o esquecimento.
    Esquecimento é suicídio,
    É assassinato.
    Quem lembra sempre não estará só de quem foi,
    Sem jamais ter ido,
    Lavando o rosto da memória  na Lagoa.
    Água do tempo que afoga  no passado para fazer nascer
    O presente.
    Afoga no ventre o fogo de um novo renascer.


Wilson  Roberto  Nogueira.
  Sentimentos vertidos em lágrimas de cada letra, compondo uma melodia de desenganos.
  Amava ele  uma mulher que ,era Mulher de verdade ,ela não tinha  nenhum medo do calor de um abraço,
  E, entregava-se a um cafuné sem perder a segurança de estar entregue aos carinhos de quem gosta e quer
  Caricias .O coração numa dança de corações solitários ,e independentes.
  Desacorrentados da vida vindima de vinagres e beaujolais.
  Escolheu ele a rota rota do desengano,
  Amando em doloroso silencio um monte de gelo esculpido na forma de mulher.
  Mulher com medo do calor de um olhar ,muito mais do que de um contato,
  Sempre fujidia e oculta em si sem jamais se expor.
  Numa palavra o sentimento  ,para que, numa  palavra
  A lava da vida a queime e a soterre.


Wilson Roberto Nogueira

Um para cá; três para lá



De versos, estou vazia. Tão vazia de dar espaço para que eu dance e gire pelo oco de tudo o que sou, de tudo o que me sobrou. Vazio manso de solidão devagar, hoje mesmo sou e talvez eu vá além, para o mundo atrás das grandes e intocáveis coisas. Tudo aqui gira numa plenitude singular e removente; como se assim eu fosse. E dum desses removentes prazeres nasço. Antes de mim mesma e o ar já não me dói.

E as explicações eu já não quero como se suficiente eu fosse, pelos próprios sacrifícios humanos, eu me tivesse tornado suficiente nesse silêncio que está à me dominar. Peço em todos os momentos: deixa-me ser. Assim soturnamente imantada por uma fuga constante que insiste em me deflorar como parte indivisível dessas coisas todas tão maiores que meu corpo. Deixa-me ser assim como deixo-te onde queres, nessa partezinha minúscula de sensatez que lhe basta, como se não me bastasse - e não basta!

Vago pelos jardins flamejantes, estou prestes a saltar num golpe contra o universo e isso também não me dói ou segura meu corpo, como se o fim para coisas sensíveis não existisse e como se assim fosse. Se talvez te basta, você se mantêm como gota do que se é. E minha dor submerge nos segundos mais profundos da alma, nada me basta e aqui no fim, sei que também não mata.

                                     Juliana Vallim


contato: mme.valentina@gmail.com

domingo, 4 de dezembro de 2016



Até prova em contrário, considero primária a posição dos que veem nas ruas uma "invasão" das classes médias situadas à direita. É simplificar algo muito mais complexo e abrangente. É deixar de reconhecer que a democracia atual assume formatos inusitados e demandas de novo tipo, e que as ruas também refletem expectativas sociais ampliadas, muitas das quais abertas à esquerda.

Marco Aurélio Nogueira
Salvo engano, parece haver uma diferença rombuda entre as manifestações de amanhã e aquelas pelo impeachment, que só o observador vitimado pelo efeito bolha não percebe. No impedimento de Dilma, as associações do empresariado caboclo se engajaram pesadamente nas manifestações, postura essa que foi repercutida imediatamente por seus aliados (segmentos da mídia, PMDB, políticos fisiológicos etc.). Agora, não. Só a burguesia cosmopolita (e seus aliados, especialmente na mídia globeleza), ex-esquerdistas ressentidos com o PT, burocratas sem brilho em busca de seus 15 segundos de glória, a cúpula judiciária, e a direita mais desparametrada estão participando das convocatórias, enquanto as classes produtoras estão mais preocupadas com a Chape e com a recuperação da economia brasileira, geração de empregos etc., enfim, com o futuro do Brasil e de sua população e não com seu Passado Assombroso. Vamos ver a força relativa desse povo todo amanhã já que a prova do Pudim está em come-lo, já dizia Bacon. Mas não pense que a arenga vai parar aí. Se não for gente suficiente, a expectativa é de mais vazamentos a jato e prisões espetaculares para estimular a ira pública justiceira, o que evidenciará mais uma vez que os custos da ausência de limites temporais e normativos, bem como do descontrole e da irresponsabilização suspeitas da operação, já estão sendo bem maiores do que seus eventuais benefícios para o Brasil...A ver.


Sergio Soares Braga

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

La jarra de plata


Saliendo del colegio me iba a trabajar a la farmacia Valhalla. El dueño era mi tío, el señor Ed Marshall. Lo llamaba «Señor Marshall» porque todo el mundo, incluida su esposa, lo llamaba así. Con todo, era un hombre simpático.

Tal vez la farmacia fuera un poco anticuada, pero era amplia, oscura y fresca: en los meses de verano no había en el pueblo un lugar más agradable. A la izquierda, según entrabas, había un mostrador con cigarrillos y revistas donde generalmente se encontraba el señor Marshall, un hombre regordete, de cara cuadrada, piel color de rosa y bigotes blancos, viriles, retorcidos en las puntas. Más allá del mostrador estaba la hermosa fuente de soda. Era muy antigua y estaba hecha de mármol fino, color amarillo claro, suave al tacto, sin el menor brillo barato. El señor Marshall la compró en una subasta en Nueva Orleáns, allá por 1910, y estaba sencillamente orgulloso de ella. Cuando te sentabas en aquellos taburetes altos y gráciles te veías reflejado de un modo tenue, como a la luz de las velas, en una serie de espejos antiguos enmarcados en caoba. Todas las mercancías eran exhibidas en cajitas de cristal que parecían vitrinas de anticuario y se abrían con llaves de bronce. En el aire siempre flotaba un aroma a almíbar, nuez moscada y otras delicias.

Valhalla fue el lugar de reunión del condado de Wachata hasta que un tal Rufus McPherson llegó al pueblo y abrió una segunda farmacia, justo en el lado opuesto de la plaza del juzgado. El viejo Rufus McPherson era un villano, es decir, le ganó el negocio a mi tío. Hizo instalar un equipo muy moderno: ventiladores eléctricos, luces de colores, autoservicio y emparedados de queso fundido para llevar. Aunque obviamente hubo quienes se mantuvieron fieles al señor Marshall, la mayoría no pudo resistirse a Rufus McPherson.

Durante un tiempo, el señor Marshall decidió ignorarlo: si mencionabas a McPherson emitía una especie de ronquido, se llevaba los dedos al bigote y desviaba la vista. Pero era evidente que estaba furioso. Y cada vez más. Un día, a mediados de octubre, entré en Valhalla y lo encontré en la fuente de soda jugando al dominó y bebiendo vino con Hamurabi.

Hamurabi era egipcio y más o menos dentista; no tenía muchos clientes porque, gracias a un elemento del agua de aquí, los de estos alrededores tienen unos dientes excepcionalmente fuertes. Pasaba gran parte del tiempo en Valhalla y era el mejor amigo de mi tío. Tenía muy buena pinta: piel morena y sobre dos metros de estatura. Las matronas del pueblo encerraban a sus hijas bajo llave y aprovechaban para mirarlo ellas. No tenía el menor acento extranjero; siempre pensé que era tan egipcio como un marciano.

El caso es que allí estaban, dando cuenta de una enorme jarra de vino tinto italiano; una escena inquietante, pues el señor Marshall era un abstemio consumado. Obviamente pensé: al fin Rufus McPherson le ha hecho perder los estribos. Sin embargo, no era así.

-Ven, hijo -me llamó-, toma una copa de vino.

-Claro -dijo Hamurabi-, ayúdanos a acabarlo. Es comprado; no podemos desperdiciarlo.

Mucho más tarde, cuando la jarra se secó, el señor Marshall dijo, poniéndola en alto:

-¡Ahora veremos! -y así desapareció en la tarde.

-¿Adonde va? -pregunté.

-Ah -fue todo lo que Hamurabi pudo decir. Le gustaba fastidiarme.

Pasó media hora antes de que mi tío regresara. Traía una carga que lo hacía encorvarse entre gemidos. Colocó la jarra sobre la fuente y retrocedió, frotándose las manos, sonriente.

-Y bien, ¿qué les parece?

-Ah -musitó Hamurabi.

-¡Caramba! -dije.

Era la misma jarra de vino, pero maravillosamente distinta, pues ahora estaba repleta de monedas de diez y de cinco centavos que lanzaban un brillo opaco a través del grueso vidrio.

-Es bonita, ¿no? -dijo mi tío-. Me la han llenado en el banco. Las monedas más grandes que han entrado son las de cinco centavos; pero bueno, ahí hay mucho dinero.

-Pero… ¿para qué, señor Marshall? -pregunté-, quiero decir, ¿de qué se trata?

La sonrisa del señor Marshall se transformó en una mueca.

-Es una jarra de plata…

-El tesoro al final del arco iris -interrumpió Hamurabi.

-…se trata, como tú dices, de que la gente adivine cuánto dinero hay ahí. Pongamos que compras por valor de veinticinco centavos; pues ya tienes una oportunidad de adivinar. Cuanto más compras, más oportunidades tienes. De aquí a Navidad voy a llevar todas las apuestas en un libro de cuentas, y el que se acerque más a la cifra se llevará el montón.

Hamurabi asintió con solemnidad.

-Se ha convertido en un Santa Claus astuto -me dijo-. Voy a casa a escribir un libro: El ingenioso asesinato de Rufus McPherson.

A decir verdad, Hamurabi escribía relatos de vez en cuando y los enviaba a revistas. Siempre se los devolvían.

Fue casi milagrosa la forma en que el condado de Wachata se aficionó a la jarra de plata. Valhalla no había dado tanto dinero desde que el pobre Tully, el jefe de estación, se volvió loco y dijo que había encontrado petróleo detrás de la estación, y el pueblo se llenó de perforadores de pozos. Hasta los haraganes del billar, que jamás gastaban un céntimo en algo no relacionado con el whisky o las mujeres, invirtieron sus ahorros en leches batidas. Algunas damas ya entradas en años condenaron públicamente la iniciativa del señor Marshall por considerarla un juego de azar, pero no causaron mayor problema y algunas incluso encontraron un rato libre para visitarnos y aventurar una apuesta. Los de mi clase enloquecieron con el asunto, y yo me hice muy popular entre ellos, pues creían que sabía la respuesta.

-Te diré lo que pasa -me dijo Hamurabi, encendiendo uno de los cigarrillos egipcios que compraba por correo a un estanco de Nueva York-. No es lo que te imaginas, no se trata de codicia. No. Lo que fascina es el misterio. Si ves todas esas monedas no piensas «¡Qué dineral!» sino «¿Cuánto debe haber?». Es una pregunta profunda de verdad; puede significar cosas distintas para gente distinta. ¿Entiendes?

En lo que respecta a Rufus McPherson, ¡vaya si estaba enfurecido! Cuando se hacen negocios se cuenta con la Navidad para obtener buena parte de las ganancias anuales. Ahora estaba más que obligado a encontrar clientes, así que trató de imitar lo de la jarra, pero era tan tacaño que la llenó con monedas de un centavo. También escribió una carta al director de The Banner, el semanario del pueblo, diciendo que el señor Marshall merecía ser «embarrado de brea, emplumado y ahorcado por convertir a niñitos inocentes en apostadores empedernidos y conducirlos al camino del averno». Obviamente fue el hazmerreír del pueblo; no suscitó otra cosa que desprecio. Así, para mediados de noviembre, se limitaba a sentarse en la acera, frente a su farmacia, y mirar con amargura la algarabía al otro lado de la plaza.

Por esa época llegó Appleseed, en compañía de su hermana. Era un desconocido, al menos nadie recordaba haberlo visto antes. Después le oiríamos decir que vivía en una granja a un kilómetro y medio de Indian Branches, que su madre apenas pesaba treinta kilos y que tenía un hermano dispuesto a tocar el violín en cualquier boda a cambio de cincuenta centavos; aseguró que solamente se llamaba Appleseed y que había cumplido doce años (pero Middy, su hermana, dijo que ocho). Tenía el pelo lacio y rubio, un rostro enjuto, curtido por el clima, con ansiosos ojos verdes que miraban de un modo sagaz y penetrante; era pequeño, frágil, y siempre iba vestido del mismo modo: suéter rojo, pantalones de dril azul y botas de adulto que hacían clop clop a cada paso.

Aquel primer día en que entró en Valhalla estaba lloviendo; el pelo se le había aplastado como una gorra sobre la cabeza y sus botas estaban embadurnadas del barro rojizo de los caminos del condado. Fue contoneándose hasta la fuente como un vaquero y Middy le siguió. Yo estaba secando vasos.

-Oí lo de la jarra esa llena de dinero que regalan -dijo, mirándome directamente a los ojos-. Ya que la regalan, nos la pueden dar a nosotros. Me llamo Appleseed; mi hermana Middy.

Middy era una niña triste, muy triste, de rostro pálido y lastimero, bastante más alta que su hermano: un verdadero espárrago. Le habían dejado el pelo color de estopa cortado como un casquete, llevaba un vestido de algodón deshilachado que ni siquiera le cubría sus huesudas rodillas y tenía algún defecto en los dientes que trataba de ocultar presionando los labios como una señora vieja.

-Lo siento -dije-, tienes que hablar con el señor Marshall.

Y así lo hizo. Pude oír cómo mi tío le explicaba lo que había que hacer para ganar la jarra. Appleseed escuchaba con atención, asintiendo de vez en cuando. Finalmente regresó, se puso frente a la botella, la tocó apenas y dijo:

-¿Verdad que es bonita, Middy?

Middy dijo:

-¿Nos la darán?

-Hay que adivinar cuánto dinero hay dentro. Hay que gastarse veinticinco centavos para poder apostar.

-Uy, ¿de dónde vas a sacar veinticinco centavos?

Appleseed encogió los hombros y se rascó la barbilla.

-Eso es muy fácil, déjamelo a mí. Pero no puedo correr riesgos, tengo que saberlo.

Regresaron a los pocos días. Appleseed trepó a un taburete y pidió atrevidamente dos vasos de agua, uno para él, otro para Middy. Entonces fue cuando habló de su familia:

-…y luego está Papi Pa, el padre de mi mamá. Es un francés cajún porque no habla bien inglés. Mi hermano, el del violín, lleva tres veces en la cárcel… por su culpa tuvimos que irnos de Luisiana. Le dio un mal pinchazo a un tío en una pelea a navajazos por una mujer diez años mayor que él. Ella era rubia.

Middy, que estaba a sus espaldas, dijo nerviosa:

-No deberías andar contando nuestros asuntos personales de ese modo, Appleseed.

-Tú te callas -y se calló-. Es muy buena -añadió, volviéndose para darle una palmada en la cabeza-, pero hay que controlarla. Deja de hacer rechinar los dientes y ve a ver los libros de dibujitos. Appleseed tiene que hacer cálculos.

«Hacer cálculos» significó contemplar la jarra fijamente, como si quisiera devorarla con los ojos. La examinó un buen rato, la barbilla apoyada en su mano, sin parpadear una sola vez.

-Una señora de Luisiana me dijo que yo podía ver más cosas que otros porque nací con una vuelta de cordón.

-A que no ves cuánto hay ahí -le dije-. ¿Por qué no dejas que te venga un número a la cabeza? Tal vez sea el bueno.

-No, no -dijo-, es arriesgadísimo. No puedo arriesgarme; solo hay una manera, contar las monedas.

-¡Contar!

-¿Contar qué? -preguntó Hamurabi, que acababa de entrar y se estaba acomodando junto a la fuente.

-Este chico dice que va a contar cuánto hay en la jarra -expliqué.

Hamurabi miró a Appleseed con interés.

-¿Cómo piensas hacerlo, hijo?

-Pues contando -aclaró como algo obvio.

Hamurabi rió.

-Deberías tener rayos X en los ojos, chico. Es todo lo que puedo decirte.

-Qué va. Solo has de nacer con una vuelta de cordón. Me lo dijo una señora de Luisiana. Era una bruja y me quería tanto que cuando mi mamá no quiso dejarme con ella le echó una maldición y ahora solo pesa treinta kilos.

-Qué in-te-re-san-te -comentó Hamurabi, mirándolo con desconfianza.

Entonces intervino Middy mostrando un ejemplar de Secretos de la Pantalla. Le señaló una determinada fotografía a Appleseed y dijo:

-A que es la mujer más guapa del mundo. Mira, Appleseed, mira qué dientes tan bonitos. Ni uno fuera de sitio.

-Ten quietos los tuyos.

Cuando se fueron Hamurabi pidió una naranjada y se la bebió lentamente mientras fumaba un cigarrillo.

-¿Crees que ese chico está bien de la azotea? -preguntó finalmente, con voz intrigada.

Los pueblos son lo mejor para pasar la Navidad; enseguida se crea el ambiente y su influjo los hace revivir. Para la primera semana de diciembre, las puertas de las casas estaban decoradas con guirnaldas y los escaparates relumbraban con campanas de papel rojo y copos de nieve de gelatina centelleante; los chicos iban de excursión al bosque y regresaban arrastrando fragantes árboles de hoja perenne; las mujeres se encargaban de hornear pasteles de fruta, destapar frascos de compota de manzana y pasas, abrir botellas de licor de uva y de zarzamora; en la plaza habían adornado un enorme árbol con celofanes plateados y focos de colores que se encendían de noche; ya entrada la tarde se podía oír el coro de la iglesia presbiteriana ensayando los villancicos para la función anual; en todo el pueblo florecían las camelias japonesas.

La única persona que parecía al margen de esa atmósfera cordial era Appleseed. Insistía en su tarea declarada: contaba el dinero de la botella con sumo cuidado. Iba todos los días a Valhalla a concentrarse en la jarra, frunciendo el entrecejo y farfullando para sí. En un principio esto fue causa de asombro, pero después de un tiempo nos aburría y ya nadie hacía el menor caso. Appleseed no compraba nunca nada, parecía incapaz de reunir los veinticinco centavos.

A veces hablaba con Hamurabi, que le había cobrado afecto y de vez en cuando le invitaba a un caramelo, a una barrita de regaliz.

-¿Todavía cree que está loco? -le pregunté.

-No estoy seguro -dijo Hamurabi-, pero te diré una cosa: no come lo suficiente. Le voy a pagar un plato de carne asada en el Rainbow.

-Seguramente él le agradecería más que le diera veinticinco centavos.

-No. Lo que necesita es un plato de carne. Sería mejor que no se hubiera propuesto adivinar nada. Un chico tan excitable, tan raro… No me gustaría ser el responsable de que pierda. Sería de verdad una lástima.

Debo admitir que en aquel tiempo Appleseed solo me parecía extravagante. El señor Marshall le tenía compasión y los chavales habían tratado de burlarse de él, pero se dieron por vencidos al ver que no reaccionaba.

Que Appleseed estaba allí, sentado en la fuente de soda con el rostro arrugado y los ojos siempre fijos en la jarra, era algo tan claro como el agua, pero se abstraía tanto que en ocasiones causaba la macabra impresión de, bueno, de no estar allí. Y apenas sentías esto, despertaba para decir algo como «¿Sabes?, ojalá ahí dentro haya una moneda con búfalo, de las de 1913; un tipo me dijo que sabe un sitio donde las monedas con búfalo valen cincuenta dólares», o «Middy será toda una estrella de cine; las estrellas de cine ganan mucho dinero, nunca más volveremos a comer col verde. Pero Middy dice que mientras sus dientes no sean bonitos no podrá hacer películas».

Middy no siempre lo acompañaba. En esas ocasiones en que iba solo, Appleseed no era el mismo; se comportaba con timidez y se marchaba pronto.

Hamurabi mantuvo su promesa y le invitó a un plato de carne asada en el café.

-Mr. Hamurabi es muy bueno -diría Appleseed-, pero tiene unas ideas raras; se cree que si viviera en ese sitio, Egipto, sería rey o algo así.

Y Hamurabi dijo:

-El chico tiene la fe más conmovedora del mundo, es una maravilla verlo, pero todo este asunto empieza a hartarme -hizo un gesto señalando la jarra-. Es cruel despertar esa clase de esperanza en cualquier persona, y me arrepiento de haber tenido que ver en ello.

El pasatiempo más popular relacionado con Valhalla consistía en decidir lo que uno haría si ganaba la botella. Entre los involucrados en esto se encontraban Solomon Katz, Phoebe Jones, Carl Kuhnhardt, Puly Simmons, Addie Foxcroft, Marvin Finkle, Trudy Edwards y un hombre de color llamado Erskine Washington. Algunas de las respuestas: un viaje a Birmingham para hacerse la permanente, un piano de segunda mano, un pony Shetlan, un brazalete de oro, una colección de libros Rover Boys y un seguro de vida.

En una ocasión, el señor Marshall le preguntó a Appleseed qué compraría.

-Es un secreto -contestó. No había súplicas suficientes para hacerle hablar, pero fuera lo que fuese, era obvio que lo necesitaba muchísimo.

En esta parte del país el verdadero invierno no llega hasta fines de enero, y suele ser bastante moderado y corto. Pero en el año del que escribo, recibimos las bendiciones de una ola de frío una semana antes de Navidad. Hay quienes todavía hablan de eso, tan terrible fue: las tuberías se congelaron; muchos tuvieron que pasar días enteros acurrucados bajo sus edredones por no haber recogido leña a tiempo; el cielo cobró ese extraño tono gris opaco que precede a las tormentas y el sol era más pálido que una luna evanescente; un viento afilado hacía que las ramas, secas desde el último otoño, cayeran a pedazos en el suelo helado, y en dos ocasiones el pino de la plaza del juzgado perdió sus adornos navideños; respirabas y el vaho formaba nubes humeantes.

En las afueras donde vivía la gente pobre, cerca de la hilandería, las familias se apretujaban por las noches y contaban cuentos para olvidarse del frío. En el campo los granjeros cubrían sus plantas delicadas con sacos de yute y luego rezaban. Algunos aprovecharon el clima para sacrificar sus cerdos y llevar al pueblo salchichas frescas. El señor R. C. Judkins, nuestro borracho local, se disfrazó con un traje rojo e hizo de Santa Claus en un almacén. Judkins era padre de una familia numerosa, de modo que todos se alegraron al verlo suficientemente sobrio para ganarse un dólar. Hubo muchos actos en la parroquia, y en uno de ellos el señor Marshall se encontró frente a frente con Rufus McPherson. Hubo intercambio de palabras pero no de golpes.

Como ya dije, Appleseed vivía en una granja, a kilómetro y medio de Indian Branches, es decir, estaba a unos cinco kilómetros del pueblo. Sin embargo, a pesar del frío, iba a Valhalla todos los días y se quedaba hasta la hora de cerrar, cuando ya era de noche, pues los días se habían vuelto más cortos. En ocasiones se iba con el capataz de la hilandería, pero eso sucedía rara vez. Se le veía cansado, tenía arrugas de preocupación en las comisuras de la boca; siempre tenía frío y temblaba mucho; no creo que usara ropa de abrigo bajo el suéter rojo y el pantalón azul.

Tres días antes de Navidad anunció de improviso:

-Bien, ya he terminado. Sé cuánto hay en la botella.

Lo dijo de forma tan absolutamente segura y solemne que era difícil ponerlo en duda.

-¡Cómo! ¿A ver? No, espera un momento, hijo -Hamurabi estaba presente-. Es imposible que lo sepas, te equivocas si lo crees: solo tendrás un disgusto.

-No me sermonee, Mr. Hamurabi. Sé lo que me hago. Una señora de Luisiana me dijo…

-Sí, sí, sí, pero debes olvidarlo. Yo que tú me iría a casa, me estaría tranquilo y me olvidaría de la maldita jarra.

-Esta noche mi hermano va a tocar el violín en una boda en Ciudad Cherokee y me va a dar el dinero -dijo con terquedad Appleseed-. Mañana apostaré.

Cuando Appleseed y Middy llegaron al día siguiente, me sentí emocionado. Tenía, en efecto, la moneda de veinticinco centavos cosida al pañuelo rojo que llevaba en la cabeza. Deambularon ante las vitrinas, tomados de la mano, intercambiando murmullos para ver qué adquirían. Finalmente se decidieron por una botella de loción de gardenia del tamaño de un dedal. Middy la abrió de inmediato y vació en su pelo casi todo el contenido.

-Huelo como… ¡Virgen María, no había olido nada tan dulce! Appleseed, déjame ponerte un poco en el pelo.

Pero él no se dejó.

El señor Marshall sacó la libreta donde llevaba las apuestas; mientras tanto, Appleseed trepó a la fuente y acarició la jarra. Sus ojos brillaban y sus mejillas estaban rojas de excitación. Casi todos los que estaban en Valhalla se le acercaron. Middy se quedó al fondo, en silencio, rascándose una pierna y oliendo la loción. Hamurabi no estaba.

El señor Marshall lamió la punta de su lápiz y sonrió:

-Bueno, hijo, ¿qué dices?

Appleseed respiró hondo.

-Setenta y siete dólares y treinta y cinco centavos -exclamó.

Era original escoger una cifra tan irregular; normalmente las apuestas eran cifras redondas. El señor Marshall repitió la cifra solemnemente mientras la anotaba.

-¿Cuándo sabré si he ganado?

-En Nochebuena -dijo alguien.

-Es mañana, ¿no?

-Sí, claro que sí -dijo el señor Marshall, en tono neutro-. Ven a las cuatro.

Por la noche el termómetro descendió aún más, y hacia la madrugada hubo una de esas lluvias rápidas que parecen tormentas de verano; así, el día siguiente amaneció despejado y muy frío. El pueblo parecía la tarjeta postal de un escenario nórdico, con carámbanos que brillaban blanquísimos en los árboles y flores de escarcha que cubrían todas las ventanas. El señor R. C. Judkins se levantó temprano, sin motivo aparente, y recorrió las calles haciendo sonar una campana para la cena; de vez en cuando se detenía a tomar un trago de la pinta de whisky que llevaba en el bolsillo. Como no hacía viento, el humo se alzaba perezoso en las chimeneas hacia un cielo todavía congelado, quieto. A media mañana el coro presbiteriano estaba en pleno apogeo y los chicos del pueblo (con máscaras terroríficas, como en Halloween) se perseguían incansablemente alrededor de la plaza con tremendo alboroto.

Hamurabi llegó al mediodía para ayudarnos a arreglar Valhalla. Había comprado en el camino una rolliza bolsa de castañas que comimos entre los dos, arrojando las cáscaras a una estufa barrigona recién instalada en medio de la sala (un regalo que el señor Marshall se había hecho a sí mismo). Entonces mi tío cogió la jarra, la limpió bien y la colocó en una mesa situada en un lugar prominente. Después no fue de gran ayuda, pues se pasó horas atando y desatando una raída cinta verde en torno a la jarra. Hamurabi y yo tuvimos que hacer lo demás: fregamos el suelo, limpiamos los espejos y las vitrinas y colocamos guirnaldas verdes y rojas de papel crepé de pared a pared. Cuando terminamos, el local tenía un aspecto sumamente refinado y elegante, pero Hamurabi contempló nuestra obra con tristeza y dijo:

-Bueno, creo que es mejor que me vaya.

-¿No te quedas? -preguntó el señor Marshall, muy asombrado.

-No, no -dijo Hamurabi, negando con la cabeza-. No quiero ver la cara de ese niño. Estamos en Navidad y tengo intenciones de pasar un rato alegre; no podría con eso en la conciencia. ¡Diablos!, no podría ni dormir.

-Como quieras -dijo el señor Marshall, encogiéndose de hombros, pero era obvio que estaba ofendido-. Así es la vida y, quién sabe, tal vez gane.

Hamurabi suspiró desolado:

-¿Cuánto ha dicho?

-Setenta y siete dólares con treinta y cinco centavos -dije.

-Es fantástico -Hamurabi se sentó en una silla junto al señor Marshall, cruzó las piernas y encendió un cigarrillo-. Si hay chocolates Baby Ruth me comería uno, tengo la boca amarga.

Nos quedamos los tres en la mesa, y a medida que avanzaba la tarde nos fuimos sintiendo cada vez más tristes. Apenas cruzamos palabra. Cuando los chicos se alejaron de la plaza del juzgado el único sonido provino del reloj que tañía las horas en el campanario. Valhalla estaba cerrado, pero la gente no dejaba de pasar ni de asomarse por el ventanal. A las tres el señor Marshall me dijo que abriera la puerta.

En veinte minutos el sitio quedó atestado. Todo el mundo iba endomingado y el aire se impregnó de un aroma dulce, pues las chicas de la hilandería se habían perfumado con vainilla. Había gente apoyada en la pared, subida a la fuente, apretujada como podía; pronto la multitud se extendió a la acera y la calle. La plaza estaba circundada de camionetas y Fords modelo T en los que habían venido los granjeros y sus familias. Menudeaban las risas, los gritos, las bromas (algunas damas se quejaron de las groserías y los burdos modales de los muchachos, pero nadie se fue). En la entrada lateral había un grupo de gente de color; parecían ser los más divertidos.

Todo el mundo trataba de sacarle el mayor provecho al acontecimiento, y es que aquí todo está siempre tan tranquilo: no suelen pasar cosas. No me equivoco si digo que todo el condado de Wachata estaba presente, salvo los inválidos y Rufus McPherson. Entonces busqué a Appleseed y no lo encontré por ningún lado.

El señor Marshall se abrió paso y dio una palmada de atención.

Esperó hasta que se hizo el silencio y el ambiente estuvo apropiadamente tenso, alzó la voz como un subastador y dijo:

-Escuchen todos, en este sobre que ven en mi mano -sostenía un sobre manila sobre su cabeza-, bien, ahí está la respuesta que hasta ahora solo conocen Dios y el First National Bank, ja, ja, ja. Y en este libro -lo alzó con la otra mano- tengo escritas sus apuestas. ¿Alguna pregunta? -un silencio absoluto-. Bien. Veamos, necesitaríamos un voluntario…

No hubo alma que se moviera un centímetro, fue como si una espantosa timidez se apoderara de la multitud, incluso los más fanfarrones del lugar se limitaron a arrastrar los pies, intimidados. Luego una voz aulló. Pertenecía a Appleseed:

-Déjenme pasar… apártese, por favor, señora -Appleseed empujaba desde atrás. A su lado iban Middy y un muchacho larguirucho de ojos soñolientos, el hermano violinista, evidentemente. Appleseed iba vestido igual que siempre, pero se había frotado hasta hacer que su cara cobrara una rosácea pulcritud. Tenía las botas lustradas y el pelo peinado hacia atrás y engominado.

-¿Llegamos a tiempo? -jadeó.

Pero el señor Marshall dijo:

-¿Conque tú deseas ser el voluntario?

Appleseed lo miró perplejo; luego asintió vigorosamente.

-¿Alguien tiene algo en contra de este joven?

Como hubo absoluto silencio, el señor Marshall dio el sobre a Appleseed, quien lo aceptó con tranquilidad. Se mordió el labio interior mientras lo examinaba un momento antes de rasgarlo.

A no ser por una tos ocasional o por el suave tintineo de la campana para la cena del señor R. C. Judkins, ningún sonido perturbaba la congregación. Hamurabi se apoyaba en la fuente, mirando al techo; Middy estaba embobada mirando por encima del hombro de su hermano; cuando este empezó a abrir el sobre dejó escapar un sofocado gritito.

Appleseed sacó una hoja de color rosa, la sostuvo como si fuera muy frágil y murmuró para sí mismo el mensaje escrito.

De repente, su rostro empalideció y las lágrimas brillaron en sus ojos.

-Vamos, muchacho, ¡habla! -exclamó alguien.

Hamurabi se adelantó y casi le arranca la hoja. Carraspeó y comenzó a leer hasta que su expresión cambió de la manera más cómica.

-¡Válgame Dios…! -dijo.

-¡Más fuerte!, ¡más fuerte! -exigió un coro molesto.

-¡Ladrones! -gritó furioso R. C. Judkins, que para entonces ya estaba bien entonado-, él olerá a gloria, pero yo huelo una rata.

Súbitamente el aire se llenó de silbidos y abucheos.

El hermano de Appleseed se volvió con el puño en alto:

-A callar. A callar antes de que les parta la cabeza y les salgan chichones del tamaño de un melón, ¿entendido?

-¡Ciudadanos! -gritó el alcalde Mawes-, ciudadanos, escúchenme, estamos en Navidad…

El señor Marshall subió a una silla y se puso a patear y dar palmadas hasta que se restableció un mínimo de orden. Cabe señalar que después se supo que Rufus McPherson había pagado a R. C. Judkins para que iniciara el revuelo. De cualquier forma, contenido el alboroto, aquel sobre quedó nada menos que en mi poder. Cómo, no lo sé.

Sin pensar, grité:

-Setenta y siete dólares con treinta y cinco centavos.

Naturalmente, la emoción hizo que yo mismo tardara en captar el sentido de mis palabras. Al principio solo era un número, pero el hermano de Appleseed lanzó un alarido triunfal y entonces me di cuenta. El nombre del ganador se propagó con rapidez, seguido de una llovizna de murmullos de admiración.

Daba lástima ver a Appleseed; lloraba como si estuviera herido de muerte, pero cuando Hamurabi lo alzó en hombros para que lo viera la multitud, se secó los ojos con las mangas del suéter y empezó a reír. R. C. Judkins gritó:

-¡Tramposo! -pero fue ahogado por una ensordecedora ronda de aplausos.

Middy me tomó del brazo.

-Mis dientes -musitó-, ahora sí que voy a tener dientes.

-¿Dientes? -dije, un poco aturdido.

-De los falsos -dijo ella-. Es lo que compraremos con el dinero, una hermosa y blanca dentadura postiza.

Pero en aquel momento solo me interesaba averiguar cómo lo había sabido Appleseed.

-Dime… -le dije a Middy, desesperado-, por Dios bendito, dime cómo sabía que eran setenta y siete dólares con treinta y cinco centavos, exactos.

Middy me dirigió una mirada extraña.

-Vaya. Si ya te lo dijo él -respondió muy seria-. Contó las monedas.

-Sí, pero ¿cómo?, ¿cómo?

-¡Caray!, ¿es que no sabes contar?

-¿Y no hizo nada más?

-Bueno -dijo, después de un momento de reflexión-, también rezó un poquito -se dirigió hacia la puerta, luego se volvió y gritó-: Además, nació con una vuelta de cordón.

Y eso fue lo más cerca que estuvo nadie de resolver el misterio.

A partir de entonces, si uno le preguntaba a Appleseed: «¿Cómo lo hiciste?», sonreía de un modo extraño y cambiaba de tema. Muchos años después se mudó con su familia a algún lugar de Florida, y no se volvió a saber de él.

Pero en nuestro pueblo su leyenda florece todavía. El señor Marshall murió en abril pasado. Cada año, por Navidad, la escuela baptista le invitaba para que contara la historia de Appleseed en la clase de religión. En una ocasión, Hamurabi escribió a máquina una crónica y la envió a varias revistas. No se la publicaron. El director de una de ellas le escribió: «Si la chica se hubiera convertido en estrella de cine, tal vez su historia tendría interés.» Y esto no fue lo que sucedió, así que ¿para qué mentir?

FIN

“Jug of Silver”, 1945

TRUMAN CAPOTE


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