Tenho um aluno surdo que, quando conversava com ele, parecia
que ele estava conversando com outra pessoa, não comigo. Ontem descobri a
causa. A intérprete traduzia os conceitos que eu estava apresentando à revelia
das definições delimitadas por mim. Por exemplo, ela traduzia premissa
(proposição que usamos para justificar a conclusão) por "ocorrido".
Isso é um disparate sem igual! Ela justificou a tradução dizendo que era assim
que ele entendia, como se meu trabalho de professor consistisse em apenas dar
outros nomes para as coisas. Meu trabalho é apresentar novas ideias aos alunos
para eles se desfazerem por conta própria os preconceitos que adquirimos ao
longo da vida, e, assim, usarem suas ideias com mais precisão e coerência.
Negar isso a um aluno com deficiência é uma discriminação grave.
Thiago Melo
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