No dia seguinte. Manifestações são importantes, mas governos
continuam governando e a correlação de forças políticas se atualiza. Dilma
possui poder, autoridade democrática e mandato popular pelo fato de ter vencido
as eleições com 54 milhões de voto. Nenhum crime de responsabilidade dela foi
encontrado após anos de rigorosas investigações. A primeira grande manifestação
do ano passado foi o teto do ano inteiro, todas as outras tiveram bem menos
participantes. Manifestações são caras, custosas e complexas de serem
organizadas, ainda mais com tantos interesses divergentes surgindo depois de
ontem. O PSDB terá dificuldades em ajudar a organizar, financiar e liberar o
metrô em uma próxima manif, depois dos seus próceres terem sido escorraçados
sem poderem discursar. Moro não sairá candidato pelos mesmos motivos que
Joaquim Barbosa desistiu, um juiz-candidato não resiste ao desmascaramento no
primeiro debate. Bolsonaro é e sempre será candidatura nanica, além do seu
círculo social limitadíssimo. A melhor notícia para o governo no sábado foi que
o PMDB continua PMDB, logo continua no governo e ninguém entregou nenhum cargo
ou ministério depois da convenção, ainda mais em ano eleitoral e sem
financiamentos privados abundantes. O tempo caminha a favor de Dilma e do PT
porque as eleições municipais se aproximam e não há nenhuma alternativa de nome
aceita por todos os diversos interesses dos manifestantes para substituí-la,
muito menos pelos muitos milhões que votaram nela, não participaram ontem e
votam compactos na melhor proposta de esquerda competitiva, apta a derrotar a
direita e vencer as eleições. Fazer manifestações é a parte fácil, complicada é
a construção de propostas e candidaturas, ainda mais com Lula livre. Quem quer
o poder precisa ganhar eleições antes e nisso a manifestação de ontem não
produziu candidaturas. O jogo político democrático continua disputado.
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