A Dilma pode até seguir tentando um acordo possível com o
Michel Temer. Pode até pagar o preço alto exigido pelo seu vice, que trama
pelas suas costas a sua deposição, mas o fim será o mesmo: um impeachment, mais
cedo ou mais tarde, motivado pela baixa popularidade da presidente, ou um
governo e um partido em frangalhos em 2018. Não vai haver "Lula
salvador" capaz de reverter esse processo, pois o Temer vai exigir que ela
governe ainda mais de joelhos, contra a sua base social, e alimente uma base aliada
fisiológica e corrupta. Na aparência, o acordo com o PMDB/PP é a única saída da
Dilma, pois, do contrário, ela pode ter a minoria no congresso e periga perder
seu mandato já no início de 2016. Mas, na realidade, a chave para essa situação
não se encontra nos corredores do congresso, mas nas ruas. A Dilma precisa
reconquistar seu eleitorado, a maioria do país que a elegeu e que pode dar
sustentação ao seu mandato, obrigando os parlamentares a recuarem no golpe em
curso. Para isso, vai precisar ser mais "coração valente" do que a
"gerentona" de uma empresa em falência e que joga o custo da crise no
colo de seus trabalhadores. A Dilma vai precisar falar a mesma língua do povo,
mudar sua política econômica e voltar a dar argumentos para a população defender
o seu mandato.
André Castelo Branco Machado
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