domingo, 6 de dezembro de 2015

A Dilma pode até seguir tentando um acordo possível com o Michel Temer. Pode até pagar o preço alto exigido pelo seu vice, que trama pelas suas costas a sua deposição, mas o fim será o mesmo: um impeachment, mais cedo ou mais tarde, motivado pela baixa popularidade da presidente, ou um governo e um partido em frangalhos em 2018. Não vai haver "Lula salvador" capaz de reverter esse processo, pois o Temer vai exigir que ela governe ainda mais de joelhos, contra a sua base social, e alimente uma base aliada fisiológica e corrupta. Na aparência, o acordo com o PMDB/PP é a única saída da Dilma, pois, do contrário, ela pode ter a minoria no congresso e periga perder seu mandato já no início de 2016. Mas, na realidade, a chave para essa situação não se encontra nos corredores do congresso, mas nas ruas. A Dilma precisa reconquistar seu eleitorado, a maioria do país que a elegeu e que pode dar sustentação ao seu mandato, obrigando os parlamentares a recuarem no golpe em curso. Para isso, vai precisar ser mais "coração valente" do que a "gerentona" de uma empresa em falência e que joga o custo da crise no colo de seus trabalhadores. A Dilma vai precisar falar a mesma língua do povo, mudar sua política econômica e voltar a dar argumentos para a população defender o seu mandato.

André Castelo Branco Machado


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