domingo, 7 de setembro de 2014

onda política ou maremoto



Não se trata de nenhuma singularidade extraordinária do nome de Marina Silva, mas qualquer um surfaria na mesma "onda política" ou "maremoto". Caso fosse um Joaquim Barbosa, um empresário vivo qualquer como José Ermírio de Moraes (no melhor estilo Piñera do Chile), um Sílvio Santos, um médico rico qualquer (menos o tal Abdelmassih) e mesmo um Tiririca ou Bozo, desde que assumissem e reunissem as mínimas características para ocupar o mesmo lugar contra o governo redistributivista do PT e receber o sincero, carinhoso apoio dos mais ricos, dos velhinhos do Clube Militar (que apoiaram a tortura na ditadura também corrupta), dos pastores evangélicos neopentecostais milionários, dos tradicionais membros sensíveis da classe média-alta udenista-lacerdista e principalmente ganhar o apoio da base social mais popular dos jovens da "classe C" (incluindo os populares "coxinhas" de junho de 2013). Marina é util porque foi pobre, periférica, do Partido Revolucionário Comunista e é ambientalista para se adaptar a todos os ambientes neoliberais do capital financeiro com Neca do Banco Itaú. A onda não precisa de partido político ou instituições. O motor formador e promovedor da "onda política" é a mídia brasileira dominante. Segmentos da mídia no Brasil formam um dos principais pilares da classe dominante tradicional, trata-se de uma mídia oligárquica e familiar enraizada nos privilégios do passado. Muitas famílias da mídia estão nas listas das famílias mais ricas do Brasil desde a ditadura e a maioria dos bons jornalistas tem que aceitar ou driblar o padrão editorial conservador para preservarem os seus empregos. Bons jornalistas precisam de "autonomia" profissional. Algumas TVs, rádios, revistas e os jornais brasileiros representam a voz, os interesses políticos de seus donos e formam o principal partido de oposição, com muita ideologia e manipulação informativa (nenhuma novidade aí). Parte da mídia brasileira é murdochiana. Para obterem e inventarem qualquer notícia ou factoide eleitoral é um completo vale tudo com Cachoeiras, réus presos e qualquer ilicitude disponível, que fariam de Murdoch apenas um jornalista amador de província. Deve-se debater se as regulações e leis existentes nos Estados Unidos, no Reino Unido e na Europa Ocidental já teriam impactos modernizadores neste setor e será uma agenda política inevitável para o pós-onda, seja em 2015 ou em 2019.
Ricardo Costa de Oliveira

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