Não se trata de nenhuma singularidade extraordinária do nome
de Marina Silva, mas qualquer um surfaria na mesma "onda política" ou
"maremoto". Caso fosse um Joaquim Barbosa, um empresário vivo
qualquer como José Ermírio de Moraes (no melhor estilo Piñera do Chile), um
Sílvio Santos, um médico rico qualquer (menos o tal Abdelmassih) e mesmo um
Tiririca ou Bozo, desde que assumissem e reunissem as mínimas características
para ocupar o mesmo lugar contra o governo redistributivista do PT e receber o
sincero, carinhoso apoio dos mais ricos, dos velhinhos do Clube Militar (que
apoiaram a tortura na ditadura também corrupta), dos pastores evangélicos
neopentecostais milionários, dos tradicionais membros sensíveis da classe
média-alta udenista-lacerdista e principalmente ganhar o apoio da base social
mais popular dos jovens da "classe C" (incluindo os populares
"coxinhas" de junho de 2013). Marina é util porque foi pobre, periférica,
do Partido Revolucionário Comunista e é ambientalista para se adaptar a todos
os ambientes neoliberais do capital financeiro com Neca do Banco Itaú. A onda
não precisa de partido político ou instituições. O motor formador e promovedor
da "onda política" é a mídia brasileira dominante. Segmentos da mídia
no Brasil formam um dos principais pilares da classe dominante tradicional,
trata-se de uma mídia oligárquica e familiar enraizada nos privilégios do
passado. Muitas famílias da mídia estão nas listas das famílias mais ricas do
Brasil desde a ditadura e a maioria dos bons jornalistas tem que aceitar ou
driblar o padrão editorial conservador para preservarem os seus empregos. Bons
jornalistas precisam de "autonomia" profissional. Algumas TVs,
rádios, revistas e os jornais brasileiros representam a voz, os interesses
políticos de seus donos e formam o principal partido de oposição, com muita
ideologia e manipulação informativa (nenhuma novidade aí). Parte da mídia
brasileira é murdochiana. Para obterem e inventarem qualquer notícia ou
factoide eleitoral é um completo vale tudo com Cachoeiras, réus presos e
qualquer ilicitude disponível, que fariam de Murdoch apenas um jornalista
amador de província. Deve-se debater se as regulações e leis existentes nos
Estados Unidos, no Reino Unido e na Europa Ocidental já teriam impactos
modernizadores neste setor e será uma agenda política inevitável para o
pós-onda, seja em 2015 ou em 2019.
Ricardo Costa de Oliveira
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