"Os signos em rotação
A história da poesia moderna é a história de uma desmedida.
Todos os seus grandes protagonistas, depois de desenhar um sinal breve e
enigmático, se estatelaram contra a rocha. O astro negro de Lautréamont rege o
destino dos nossos mais altos poetas. Mas esse século e meio foi tão rico em
infortúnios como em obras: o fracasso da aventura poética é o lado opaco da
esfera; o outro feito é da luz dos poemas modernos. Assim, a indagação sobre as
possibilidades de encarnação da poesia não é uma pergunta sobre o poema, e sim
sobre a história; será quimérico pensar numa sociedade que reconcilie o poema e
o ato, que seja palavra viva e palavra vivida, criação da comunidade e
comunidade criadora?"
[Octavio Paz. “O arco e a lira”. Tradução de Ari Roitman e
Paulina Watch. São Paulo: Cosac Naify, 2012. Pg. 259/ Imagem: Tumblr, sem
referências na pesquisa de imagens]
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