A pesquisa etnográfica, por sua própria natureza, exige que
o pesquisador dependa da assitência e auxílio de outros, o que ocorre muito
mais frequentemente na etnografia do que em outros ramos científicos (...)
Nas ciências históricas, ninguém pode ser visto com
seriedade se fizer mistério de suas fontes e falar do passado como se o
conhecesse por adivinhação. Na etnografia, o autor é, ao mesmo tempo, o seu
próprio cronista e historiador, suas fontes de informação são,
indubitavelmente, bastante acessíveis, mas também extremamente enganosas e
complexas, não estão incorporadas a documentos materiais fixos, mas sim ao
comportamento e memória de seres humanos. Na etnografia, é frequente imensa a
distância entre a apresentação final dos resultados da pesquisa e o material
bruto das informações coletadas pelo pesquisador através de suas próprias observações,
das asserções dos nativos, do caleidoscópio da vida tribal. O etnógrafo tem que
percorrer esta distância ao longo dos anos laboriosos que transcorrem desde o
momento em que pela primeira vez pisa numa paria nativa e faz as primeiras
tentativas no sentido de comunicar-se com os habitantes da região, até a fase
final dos seus estudos, quando redige a versão definitiva dos resultados
obtidos.
MALINOWSKI, Bronislaw.
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