quarta-feira, 11 de junho de 2014

Argonautas do Pacífico Ocidental, 1978.

A pesquisa etnográfica, por sua própria natureza, exige que o pesquisador dependa da assitência e auxílio de outros, o que ocorre muito mais frequentemente na etnografia do que em outros ramos científicos (...)
Nas ciências históricas, ninguém pode ser visto com seriedade se fizer mistério de suas fontes e falar do passado como se o conhecesse por adivinhação. Na etnografia, o autor é, ao mesmo tempo, o seu próprio cronista e historiador, suas fontes de informação são, indubitavelmente, bastante acessíveis, mas também extremamente enganosas e complexas, não estão incorporadas a documentos materiais fixos, mas sim ao comportamento e memória de seres humanos. Na etnografia, é frequente imensa a distância entre a apresentação final dos resultados da pesquisa e o material bruto das informações coletadas pelo pesquisador através de suas próprias observações, das asserções dos nativos, do caleidoscópio da vida tribal. O etnógrafo tem que percorrer esta distância ao longo dos anos laboriosos que transcorrem desde o momento em que pela primeira vez pisa numa paria nativa e faz as primeiras tentativas no sentido de comunicar-se com os habitantes da região, até a fase final dos seus estudos, quando redige a versão definitiva dos resultados obtidos.


MALINOWSKI, Bronislaw. 

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