Esse homem esqueceu o próprio nome.
O importante, diz ele, é ter um passado. Isto é
fundamental.
Ele bebe chá de uma garrafa térmica vermelha.
A sala de espera está vazia, sempre vazia.
As pessoas não têm tempo para esperar o trem, pensa ele.
Quando criança, certa vez ele escreveu uma redação.
Com uma frase.
Minha meta, escreveu, é o asilo de velhos.
O sem-nome sorri. Ele olha o grande relógio na parede
e pensa em todos os trens que já perdeu hoje.
Minha profissão, diz ele, é ficar aqui sentado neste banco.
Minha profissão é perder trens.
Minha profissão é esquecer o meu nome.
Aglaja Veteranyi
Tradução Fabiana Macchi
Publicado na revista Coyote N. 11, 2005
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