sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Desencanto


Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
- Eu faço versos como quem morre.

- Manuel Bandeira, em "A cinza das horas", 1917.

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Manuel Bandeira no site:
http://www.elfikurten.com.br/2011/02/manuel-bandeira-estrela-da-vida-inteira.html

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