"Um julgamento
parece uma peça de teatro porque ambos começam e terminam com o autor do ato,
não com a vítima. Um julgamento-espetáculo, mais ainda do que um julgamento
comum, precisa de um roteiro limitado e bem definido daquilo que foi feito e de
como foi feito. No centro de um julgamento só pode estar aquele que fez algo --
nesse sentido é que ele é comparável ao heroi de uma peça de teatro -- e se ele
sofre, deve sofrer pelo que fez, não pelo que os outros sofreram. Ninguém sabia
disso melhor do que o juiz-presidente, diante de cujos olhos o julgamento
começou a degenerar num espetáculo sangrento." (Hannah Arendt, Eichmann em
Jerusalém,)
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