INSTANTÂNEOS: NAZIFASCISMO E 2ª GUERRA MUNDIAL1933: Brecht
foge da Alemanha 1933: Repressão ao Partido Comunista da Alemanha1933:
Aprovação da Lei Plenipotenciária 1933: UFA demite funcionários judeus1933:
Grande queima de livros pelos nazistas1933: DVP e DNVP se dissolvem 1933:
Hitler controlava a imprensa falada1933: Alemanha deixa a Liga das Nações1934:
Hitler manda executar Ernst Röhm 1934: Nazistas assassinam ditador da
Áustria1934: Regime nazista intervém na Justiça 1935: Nazistas retiram a
cidadania alemã de escritores e oposicionistas1936: Abertura dos Jogos
Olímpicos de Berlim1936: Constituição do Eixo Berlim-Roma1936: Thomas Mann é
expatriado1938: O pogrom da "Noite dos Cristais" 1939: Assinado o
Pacto de Não-Agressão1939: Eslováquia torna-se independente1939: Alemanha
invade a Polônia1939: Programa nazista de extermínio1939: Soviéticos invadem a
Polônia1939: Primeiro atentado contra Hitler1940: Alemanha inicia ofensiva
ocidental1940: Armistício de Compiègne1940: Estreia do filme "O judeu
Süss"1940: Crianças alemãs refugiam-se dos bombardeios1941: Selada aliança
entre Londres e Moscou 1941: EUA decidem construir a bomba atômica 1941: Aberto
o campo de concentração de Theresienstadt 1942: A Conferência de Wannsee1942:
Genocídio dos judeus poloneses 1942: Judeus proibidos de ter animais
domésticos1942: Ofensiva dos Aliados em El Alamein1942: Anne Frank inicia seu
diário 1942: Batalha de Tobruk1942: Panfletos da resistência antinazista
"Rosa Branca"1942: Pedagogo Janusz Korczak é deportado para
Treblinka1942: Fracassa desembarque dos Aliados na Normandia1942: Tropas alemãs
invadem o sul da França1943: Goebbels declara guerra total
Em 2 de dezembro de 1936, o escritor Thomas Mann, sua esposa
e os filhos mais novos foram expatriados da Alemanha nazista.
Casal Mann chega a
Nova York em setembro de 1939 com a filha Erika (ao centro)
Casal Mann chega a Nova York em setembro de 1939 com a filha
Erika (ao centro)
No jornal Völkischer Beobachter (Observador Popular), os
nazistas publicavam as chamadas listas de expatriados. Os nomes de Thomas Mann,
sua mulher e seus filhos mais novos constavam da lista de número 7. Dos mais
velhos – Erika e Klaus – já havia sido confiscada a cidadania alemã.
Ascensão nazista não causou supresa
Para Thomas Mann, a situação não causava surpresa:
"Certamente eu desafiei a cólera dos detentores do poder. Não apenas nos
últimos anos, através da minha distância e da expressão de meu horror a eles.
Muito antes disso, eu enfrentei esse desafio porque precisava; pois, antes da
burguesia alemã desesperada de hoje, eu já havia percebido há muito quem e o
que subia ao poder".
Thomas Mann sabia exatamente do que falava, por ter ele
próprio apoiado por muito tempo ideias conservadoras, nacionalistas e
antiparlamentares, tendo passado a defender posições democráticas somente
durante a República de Weimar (1919–1933).
Em 1930, Thomas Mann fez em Berlim um discurso, apelando
"à razão alemã" e também para que a burguesia e as forças socialistas
rejeitassem o fanatismo fascista. Suas palavras foram interrompidas por
tumultos organizados pela polícia nazista e o escritor foi obrigado a abandonar
o recinto pela porta dos fundos.
Decisão de não voltar ao país
A tomada de poder por Adolf Hitler surpreendeu Thomas Mann
durante uma viagem de palestras pela Holanda, Bélgica e França. Ele decidiu
então não mais voltar ao país. Ali começava seu exílio duradouro. "Não
sonhei e não cantaram em meu berço que eu acabaria passando meus melhores dias
como emigrante, banido de casa e condenado a um indispensável protesto
político. Nasci mais para ser um representante do que para ser mártir",
confessou.
Por muito tempo ainda, Thomas Mann continuou tentando
através de seu silêncio evitar uma ruptura definitiva com o país e a quebra do
contato com o público alemão. Apenas em 1936 ele tomou uma posição clara em
relação ao regime. A gota d'água foi um texto publicado pelo diário suíço Neue
Zürcher Zeitung, que tentava imprimir a Mann traços antissemitas.
Silenciar perante o mal irreparável?
Somente então Thomas Mann quebrou definitivamente seu
silêncio: "Um escritor alemão, acostumado à responsabilidade através da
língua, deve agora silenciar? Silenciar absolutamente perante o mal
irreparável, que no meu país foi e é praticado em corpos, almas e espíritos, no
direito e na verdade, na humanidade e na pessoa? Não foi possível. E assim
vieram as manifestações de minha parte contra o programa nazista. Minhas
posições contrárias a ele ficaram inevitavelmente claras, tendo levado ao
absurdo e ridículo ato de meu expatriamento".
Após ter perdido a nacionalidade alemã em 2 de dezembro de
1936, Thomas Mann permaneceu no início na Suíça, emigrando mais tarde para os
Estados Unidos. O Ministério de Esclarecimento Popular e Propaganda do regime
nazista anunciava em janeiro de 1937: "Thomas Mann deve ser apagado da
memória de todos os alemães, por não ser digno de carregar o nome de
alemão".
Indignado, o escritor declarou a respeito dos nazistas:
"Acusam-me de ter insultado a Alemanha, ao ter-me declarado contra ela?
Eles têm a incrível ousadia de querer se confundir com a Alemanha. Talvez não
esteja longe o dia em que o povo alemão vá preferir qualquer coisa menos ser
confundido com eles".
DW.DE
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