quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

1936: Thomas Mann é expatriado


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Em 2 de dezembro de 1936, o escritor Thomas Mann, sua esposa e os filhos mais novos foram expatriados da Alemanha nazista.
 Casal Mann chega a Nova York em setembro de 1939 com a filha Erika (ao centro)
Casal Mann chega a Nova York em setembro de 1939 com a filha Erika (ao centro)
No jornal Völkischer Beobachter (Observador Popular), os nazistas publicavam as chamadas listas de expatriados. Os nomes de Thomas Mann, sua mulher e seus filhos mais novos constavam da lista de número 7. Dos mais velhos – Erika e Klaus – já havia sido confiscada a cidadania alemã.
Ascensão nazista não causou supresa
Para Thomas Mann, a situação não causava surpresa: "Certamente eu desafiei a cólera dos detentores do poder. Não apenas nos últimos anos, através da minha distância e da expressão de meu horror a eles. Muito antes disso, eu enfrentei esse desafio porque precisava; pois, antes da burguesia alemã desesperada de hoje, eu já havia percebido há muito quem e o que subia ao poder".
Thomas Mann sabia exatamente do que falava, por ter ele próprio apoiado por muito tempo ideias conservadoras, nacionalistas e antiparlamentares, tendo passado a defender posições democráticas somente durante a República de Weimar (1919–1933).
Em 1930, Thomas Mann fez em Berlim um discurso, apelando "à razão alemã" e também para que a burguesia e as forças socialistas rejeitassem o fanatismo fascista. Suas palavras foram interrompidas por tumultos organizados pela polícia nazista e o escritor foi obrigado a abandonar o recinto pela porta dos fundos.
Decisão de não voltar ao país
A tomada de poder por Adolf Hitler surpreendeu Thomas Mann durante uma viagem de palestras pela Holanda, Bélgica e França. Ele decidiu então não mais voltar ao país. Ali começava seu exílio duradouro. "Não sonhei e não cantaram em meu berço que eu acabaria passando meus melhores dias como emigrante, banido de casa e condenado a um indispensável protesto político. Nasci mais para ser um representante do que para ser mártir", confessou.
Por muito tempo ainda, Thomas Mann continuou tentando através de seu silêncio evitar uma ruptura definitiva com o país e a quebra do contato com o público alemão. Apenas em 1936 ele tomou uma posição clara em relação ao regime. A gota d'água foi um texto publicado pelo diário suíço Neue Zürcher Zeitung, que tentava imprimir a Mann traços antissemitas.
Silenciar perante o mal irreparável?
Somente então Thomas Mann quebrou definitivamente seu silêncio: "Um escritor alemão, acostumado à responsabilidade através da língua, deve agora silenciar? Silenciar absolutamente perante o mal irreparável, que no meu país foi e é praticado em corpos, almas e espíritos, no direito e na verdade, na humanidade e na pessoa? Não foi possível. E assim vieram as manifestações de minha parte contra o programa nazista. Minhas posições contrárias a ele ficaram inevitavelmente claras, tendo levado ao absurdo e ridículo ato de meu expatriamento".
Após ter perdido a nacionalidade alemã em 2 de dezembro de 1936, Thomas Mann permaneceu no início na Suíça, emigrando mais tarde para os Estados Unidos. O Ministério de Esclarecimento Popular e Propaganda do regime nazista anunciava em janeiro de 1937: "Thomas Mann deve ser apagado da memória de todos os alemães, por não ser digno de carregar o nome de alemão".
Indignado, o escritor declarou a respeito dos nazistas: "Acusam-me de ter insultado a Alemanha, ao ter-me declarado contra ela? Eles têm a incrível ousadia de querer se confundir com a Alemanha. Talvez não esteja longe o dia em que o povo alemão vá preferir qualquer coisa menos ser confundido com eles".

DW.DE

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