Alma ferida pelas negras lanças
Da desgraça, ferida do Destino,
Alma, de que a amargura tece o hino
Sombrio das Cruéis desesperanças;
Não desças, Alma feita das heranças
Da Dor, não desças do teu céu divino.
Cintila como o espelho cristalino
Das sagradas, serenas esperanças.
Mesmo na Dor espera com clemência
E sobe à sideral resplandecência,
Longe de um mundo que só tem peçonha.
Das ruínas de tudo ergue-te pura
E eternamente na suprema Altura,
Suspira, sofre, cisma, sente, sonha!
- Cruz e Sousa, in: Antologia dos Poetas Brasileiros -
Poesia da fase Simbolista (Org.). Manuel Bandeira, Editora: Nova Fronteira,
1996.
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