Para conservar os livros, Cosme construiu em diversas
ocasiões algo semelhante a bibliotecas pênseis, protegidas da chuva e dos roedores,
mas mudava-a constantemente de lugar, segundo estudos e os gostos do momento,
pois ele considerava os livros um pouco como pássaros e não queria vê-los
parados ou engaiolados, senão entristeciam.Na mais maciça daquelas estantes
aéreas alinhava os tomos da Enciclopédia, de Diderot e D'Alembert, á medida que
lhe chegavam de um livreiro de Livorno. E mesmo que, nos últimos tempos, à
força de estar em meio aos livros ficara com a cabeça meio nas nuvens, cada vez
menos interessado pelo mundo ao redor, agora, a leitura da Enciclopédia, certos
belíssimos verbetes como Abeille, Arbre, Bois, Jardin faziam-no redescobrir
todas as coisas em torno como novas. Dentre os livros que encomendava começaram
a figurar também manuais de artes e ofícios, por exemplo, a arboricultura, e
não via a hora de aplicar os novos conhecimentos.
De Italo Calvino.
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