quarta-feira, 10 de julho de 2013
Dialogo com Guimarães Rosa
"Escrevendo, descubro sempre um novo
pedaço de infinito. Vivo no infinito; o momento não conta. Vou lhe revelar um
segredo: creio já ter vivido uma vez. Nesta vida, também fui brasileiro e me
chamava João Guimarães Rosa. Quando escrevo, repito o que vivi antes. E para
estas duas vidas um léxico apenas não me é suficiente. Em outras palavras:
gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. O crocodilo vem ao
mundo como um magister da metafísica, pois para ele cada rio é um oceano, um
mar da sabedoria, mesmo que chegue a ter cem anos de idade. Gostaria de ser um
crocodilo, porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma do homem.
Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranqüilos e
escuros como os sofrimentos dos homens. Amo ainda mais uma coisa de nossos
grandes rios: sua eternidade. Sim, rio é uma palavra mágica para conjugar
eternidade."
- João Guimarães Rosa, em entrevista a Günter
Lorenz
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