"A atividade sexual de reprodução é comum aos animais
sexuados e aos homens, mas,
aparentemente, só os homens fizeram de sua atividade sexual
uma atividade erótica, e o
que diferencia o erotismo da atividade sexual simples é uma
procura psicológica
independente do fim natural encontrado na reprodução e na
preocupação das crianças.
Abandonando essa definição elementar, voltarei imediatamente
à fórmula que propus
inicialmente, segundo a qual o erotismo é a aprovação da
vida até na morte. Com efeito,
se bem que a atividade erótica seja inicialmente uma exuberância
da vida, o objeto dessa
procura psicológica, independente, como eu o disse, da
preocupação de reprodução da
vida, não é estranho à morte. Existe aí um paradoxo tão
grande que, sem mais demora,
tentarei dar uma aparência de razão de ser à minha afirmação
através de duas citações de
Sade:
"Infelizmente, não há nada mais seguro que o secreto, e
não há um libertino
que esteja um pouco dentro do vício que não saiba quanto o
assassínio tem
de poder sobre os sentidos..."
Numa outra frase mais singular ele diz:
"Não há melhor meio para se familiarizar com a morte do
que associá-la a
uma idéia libertina"." (Bataille, "O
Erotismo", introdução, p.10)
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