Diz-se do amor
I
Nosso silêncio faz calar a tempestade
Acalmará a folhagem profunda
Carrego duas mãos abandonadas
II
O barco naufragava para sempre na bruma
Longe longe diz o ódio
Perto perto diz o amor
III
Os olhos de um ar vivo soberano inocente
Os seios leves ela ria de tudo
E o mar dispersou a areia de seu trono.
--
Diz-se da forma do amor
I
O sol duro como uma pedra
Razão compacta vinha feroz
E o espaço cruel é um muro que me encerra
II
Neste deserto que me habitava que me vestia
Ela me beijou e ao me beijar
Ela me ordenou que eu visse e escutasse.
III
Com beijos e palavras
Sua boca seguiu o caminho de seus olhos
Ali havia vivos mortos e vivos.
(O difícil desejo de permanecer – 1946)
Paul Eluard – Últimos poemas de amor.
Tradução: Maria Elvira Braga Lopes e Gilson Maurity.
Mais dois poemas de Paul
Éluard
A aliança
Definitivamente são duas árvores pequenas
Sozinhas em um campo aberto
Que nunca mais se separarão.
--
N
I
Em que pensas
Eu penso no primeiro beijo que te darei.
II
Beijos semelhantes às palavras do sonhador
Estais a serviço de forças inventadas.
III
As ruas dos pequenos amores
Os muros acabam em noite negra
Eu amo
E minhas cortinas são brancas.
IV
Sem esplendor e doce em seu ninho
Ela aparece num sorriso.
V
No dia 21 de Junho de 1906
Ao meio-dia
Tu me deste a vida.
VI
Eu disse fácil o que é fácil
É a fidelidade.
VII
É preciso vê-la sob o sol forte das rochas
inacessíveis
É preciso vê-la em plena noite
É preciso vê-la quando ela está só.
(Uma longa reflexão amorosa – 1945)
Paul Éluard – Últimos poemas de amor.
Tradução: Maria Elvira Braga Lopes e Gilson Maurity.
No exílioA aliança
Definitivamente são duas árvores pequenas
Sozinhas em um campo aberto
Que nunca mais se separarão.
--
N
I
Em que pensas
Eu penso no primeiro beijo que te darei.
II
Beijos semelhantes às palavras do sonhador
Estais a serviço de forças inventadas.
III
As ruas dos pequenos amores
Os muros acabam em noite negra
Eu amo
E minhas cortinas são brancas.
IV
Sem esplendor e doce em seu ninho
Ela aparece num sorriso.
V
No dia 21 de Junho de 1906
Ao meio-dia
Tu me deste a vida.
VI
Eu disse fácil o que é fácil
É a fidelidade.
VII
É preciso vê-la sob o sol forte das rochas
inacessíveis
É preciso vê-la em plena noite
É preciso vê-la quando ela está só.
(Uma longa reflexão amorosa – 1945)
Paul Éluard – Últimos poemas de amor.
Tradução: Maria Elvira Braga Lopes e Gilson Maurity.
Ela é triste ela faz viver
A dúvida que tem de sua realidade nos olhos de outro
Planta maior no banho
Vegetal trabalhado moreno ou louro
À extrema flor de sua cabeça
Sua nudez contínua
Seus seios de favores recusados
Um riso dos cabelos de ébano
Entre as árvores
A tempestade que defende os seus
Quebra os caules de luz
Ela é também esta tempestade
Que distribui armas desajeitadas
Às ervas aos insetos
Aos últimos calores
As névoas do outono
As cinzas do inverno
A pérola negra não é mais rara
O desejo e o enfado se irmanam
Manejo de manias
Tudo é esquecido
Nada é sacrificado
O odor dos escombros persiste
Os olhos cerrados é ela toda inteira.
(Uma longa reflexão amorosa – 1945)
*
Corpo ideal
Sob o grande céu aberto o mar dobra suas asas
Nos cantos de teu sorriso um caminho se abre em mim
Sonhadora toda em carne luz toda em fogo
Aumenta meu prazer anula o que se estende
Apressa-te em dissolver e meu sonho e minha vista.
(O difícil desejo de permanecer – 1946)
Paul Éluard – Últimos poemas de amor.
Tradução: Maria Elvira Braga Lopes e Gilson Maurity.
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