sábado, 13 de abril de 2013
"Acabei me cansando de ficar sentado naquela pia, e aí me levantei e
comecei a sapatear, só de farra. Não sei sapatear nem nada, mas o piso do
banheiro era de pedra e por isso dava um som perfeito. Comecei a imitar um
desses sujeitos do cinema, num desses musicais. Odeio o cinema como se fosse um
veneno, mas me divirto imitando os filmes. O Stradlater me olhava pelo espelho,
enquanto se barbeava. Tudo de que eu preciso é de uma platéia. Sou um
exibicionista.
(...)
Me deram um quarto muito vagabundo. A única vista que eu tinha era a outra
ala do hotel. Não que eu ligasse para isso. Estava deprimido demais para me
preocupar se a vista do meu quarto era boa ou não. O empregado que me levou até
o quarto devia andar pelos sessenta e cinco anos e conseguia ser mais
deprimente que o próprio quarto. Era um desses carecas que penteiam todo o
cabelo do lado por cima da cabeça para tapear. Eu preferia ser careca de uma
vez a fazer um troço desses.
(...)
Me senti tão feliz de repente, vendo Phoebe passar e passar. Pra dizer a
verdade, eu estava a ponto de chorar de tão feliz que me sentia. Sei lá por
quê. É que ela estava tão bonita, do jeito que passava rodando e rodando, de
casaco azul e tudo. Puxa, só a gente estando lá para ver.
(...)
Uma porção de gente, principalmente esse cara psicanalista que tem aqui,
vive me perguntando se vou me esforçar quando voltar para o colégio em
setembro. Na minha opinião, isso é o tipo da pergunta imbecil. Quer dizer, como
é que a gente pode saber que é que vai fazer, até a hora em que a gente faz o
troço? A resposta é: não sei. Acho que vou, mas como é que eu posso saber? Juro
que é uma pergunta cretina."
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