"A alma feminina jaz adormecida dentro dos
trapos, das jóias, do império da moda, – a eterna sultana desse harém de
civilizados que ainda compram, vendem, exploram, seduzem, abandonam por
imprestável a mesma mulher, cuja posse exclusiva consiste a sua preocupação
única. É deprimente a situação da mulher superior, neste meio de cafetismo
social, em que os homens não sabem olhar uma mulher senão desrespeitando-a.
E para quê enumerar essas associações atrasadas do
feminismo de caridades?
Sem dúvida é doloroso perscrutar as misérias dos
famintos, da nudez, dos cortiços.
Mas, não se trata de esverrumar a causa da chaga
sangrenta da miséria, mesmo do coração da opulência, ao lado da ociosidade que
se diverte cinicamente, depois de atirar uns níqueis para os esfaimados,
níqueis roubados ao trabalho árduo dos explorados do salário. "
- Maria Lacerda de Moura
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