domingo, 24 de fevereiro de 2013

Uma lição de realismo



Galeano - 24 de fevereiro 
 
Em 1815, Napoleão Bonaparte fugiu de sua prisão na ilha de Elba e fez a viagem de reconquista do trono da França.
Marchava passo a passo, acompanhado por uma tropa crescente, quanto o jornal Le Moniteur Universel, que havia sido seu órgão oficial, assegurava aue os franceses estavam loucos de morrer defendendo o rei Luis XVIII, e chamava Napoleão de "violador à mão armada do solo da pátria, estrangeiro fora da lei, usurpador, traidor, praga, chefe de bandoleiros, inimigo da França que ousa sujar o solo do qual foi expulso", e anunciava: "Este será seu último ato de loucura."
No final o rei fugiu, ninguém morreu por ele, e Napoleão sentou-se no trono sem disparar um único tiro.
Então o mesmo jornal passou a informar que "a feliz notícia da entrada de Napoleão na capital provocou uma explosão súbita e unânime, todo mundo se abraça, os vivas ao Imperador enchem o ar, em todos os olhos há lágrimas de alegria, todos celebram o regresso do herói da França e prometem à Sua Majestade o Imperador a mais profunda submissão".

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