Sobre a morte de Ted Boy Marino e
as lutas de ontem e de hoje:
"Os bons geralmente começavam apanhando e, quando
parecia que estavam liquidados e que o Mal triunfaria, vinha a eletrizante
reação, durante a qual o inimigo pagava por todas as suas maldades. Humilhação
e vingança, nada na história do teatro é tão antigo e tão eficaz. Nove entre
dez novelas de televisão têm o mesmo enredo.
Não sei se ainda fazem espetáculos de “catch” pelo interior
do país. Hoje na TV o que se vê é o “ultimate fighting”, ou “mixed martial
arts”, dois lutadores simbolizando nada trocando socos e pontapés sem
simulação, quando não se engalfinham no chão como um bicho de duas costas e
oito patas em convulsão.
Nessas lutas não vale, exatamente, tudo — parece que
esgoelar o outro e xingar a mãe não pode. Mas é o “catch” despido da fantasia,
com sangue de verdade. Não há mais mocinho e vilão, apenas duas máquinas de
brigar, brigando.
Nem Ted Boy Marino nem Homem Montanha, apenas a violência em
estado puro. Sei não, acho que empobrecemos."
Luiz Fernando Verissimo
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