sábado, 23 de outubro de 2010

Meramente ser


OF MERE BEING

The palm at the end of the mind,

Beyond the last thought, rises

In the bronze decor*.

A golf-feathered bird

Sings in the palm, without human meaning,

Without human feeling, a foreign song.

You know then that it is not the reason

That makes us happy or unhappy.

The bird sings. Its feathers shine.

The palm stands on the edge of space.

The wind moves slowly in the branches.

The bird’s fire-fangled feathers dangle down.

* Existem versões para este verso em que a última palavra é distance



MERAMENTE SER

A palmeira no final da mente,

Além do pensamento último, se eleva

Na brônzea distância,

Um pássaro de penas de ouro

Canta na palmeira, sem sentido humano,

Nem sentimento humano, um canto estrangeiro.

Então compreende-se que não é a razão

Que traz tristeza ou alegria.

O pássaro canta. As penas brilham.

A palmeira paira no limiar do espaço.

O vento roça devagar seus galhos.

As penas de fogo do pássaro pendem frouxas.

Fonte :  Estado de São Paulo

“Of Mere Being”, poema de Wallace Stevens, incluído no livro Till I End My Song — A Gathering of Last Poems, organizado por Harold Bloom (Harper Collins, importado; 379 páginas, R$ 56,73); a tradução utilizada é a de Paulo Henriques Britto e faz parte da antologia Poema , de Wallace Stevens (Companhia das Letras, 208 páginas, R$ 44)

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