quinta-feira, 23 de setembro de 2010

O corpo, dois corpos

o corpo da poesia



Os ombros

os seios

o ventre que sequestra



entre as pernas fechadas

a vagina

com a sua longa boca entreaberta



Pensar do corpo

o corpo da poesia



Mais os dedos do que as mãos

sobre as arestas

Mais as fendas do que o liso



Mais a ruga

Mais a ruga das coxas

e das pernas



Depois vêm os dentes e a língua

a descer no trilho brando do umbigo

bebendo o sal do suor da pele

e o fermento de um doce que não digo



Escrever do corpo

o corpo da poesia



Os pulsos tão febris

a nuca

e a garganta



O silêncio de uns olhos

que por certo queriam

ver bem mais longe do que o pubis

deixa

Maria Teresa Horta

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