O sentir em nós, ai, é o dissipar-se.
Exalamos nosso ser; e de uma a outra ardência
Nos desvanecemos. Alguma vez nos dizem:
Circulas no meu sangue, este quarto, a primavera
Estão cheios de ti. Inutilmente procuram nos reter
Evolamos. E aqueles que são belos, oh, quem os
Deteria? A aparência transita sem descanso em seu rosto
E se dissipa. Tal o orvalho da manhã
E o calor do alimento, o que é nosso
Flutua e desaparece. Ó sorrisos, para onde?
E tu, olhar erguido, fugitiva onda ardente e nova
Do coração? Ai de nós, assim somos.
Estará o mundo impregnado de nós, pois que
Nele nos perdemos? E os Anjos
Retomarão apenas o que deles emanou?
Talvez um pouco de humano se encontre às vezes
Em seus traços, como o vago no rosto das mulheres
grávidas? Eles porém nada percebem
No turbilhão da volta a si mesmos.”
“E eu me contenho, pois, e reprimo o apelo
do meu soluço obscuro. Ai, quem nos poderia
valer? Nem anjos nem homens.
E o intuitivo animal logo adverte
que para nós não há amparo
neste mundo definido. Resta-nos, quem sabe,
a árvore de alguma colina que podemos rever
cada dia; resta-nos a rua de ontem
e o apego cotidiano de algum hábito
que se afeiçoou a nós e permaneceu.
E a noite, a noite, quando o vento pleno dos espaços
do mundo desgasta-nos a face—a quem se furtaria ela,
a desejada, ternamente enganosa, sobressalto para o
coração solitário? Será mais leve para os que se amam?
Ai, apena ocultam eles, um ao outro, seu destino.
Não o sabias? Arroja o vácuo aprisionado em teus braços
para os espaços que respiramos –talvez os pássaros
sentirão o ar mais dilatado, num vôo mais comovido.”
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