Já faz muitos anos, mais de dez, quase quinze. Eu não era
nem mãe ainda. Meu pai comentou que a escola fundada por ele não tinha hino,
que a escola precisava de um hino. Entendi aquilo como um convite apelo e tomei
pra mim o desafio de rabiscar num caderninho um refrão e mais duas estrofes.
Para o campo semântico, escolhi termos que sempre foram
caros àquele educador apaixonado: paz, liberdade, abertura, respeito,
aprendizado, criatividade, expressão, amizade, cooperação... Não demorou muito
e, depois de alguns cortes e substituições de palavras para ajustar métrica e
rimas, a letra ficou pronta.
Tentei fazer a melodia também, mas não prestou. Passei,
então, a tarefa para o meu irmão mais novo, que rapidinho solucionou o
problema, ajeitando ritmo e cifras. Botou inclusive uma pausa bem oportuna, que
virou o charme da música.
Já faz alguns anos que a letra do hino vem impressa na
agenda dos alunos da escola, mas eu nunca tinha visto as crianças cantando os
meus versinhos. Depois de tanta história, finalmente eu tive o prazer de
assistir à apresentação do hino pela criançada. Foi na solenidade de
aniversário dos 14 anos da escola, que concentrou na quadra mais de 400 alunos
de educação infantil e ensino fundamental. As turmas de 3º, 4º e 5º anos,
uniformizadas e regidas pela professora de música, fizeram o coro: “Atual é a
vontade de aprender. Atual é o desejo de ser feliz...”.
Eu ouvia a harmonia do conjunto, mas meus olhos se fixavam
mesmo era numa moreninha do 3º ano: minha caçula, muito tímida, mas demonstrando
orgulho de estudar na escola que o vovô e a vovó construíram (hoje administrada
com zelo e dedicação pela vovó, pelo tio e pela tia). A minha primogênita
também estava participando, toda prosa, lá na plateia.
Quanta emoção! E quanta saudade do meu pai, que estaria hoje
com 74 anos. “Quero um mundo criativo e bem aberto (...) Muita paz e muito amor
eu vou plantar.”
Maria Amélia Elói
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em : 26 Feb 2019
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