Na composição do núcleo militar do Ministério Bolso, todos
os generais pertencem a famílias militares, com tradições conservadoras, muitas
vezes com pais que atuaram no Golpe de 64 e no serviço da ditadura, com antigos
vínculos no pensamento político autoritário de ideologias dos tempos da “Guerra
Fria” e da “Doutrina de Segurança Nacional”. Os generais Hamilton Mourão,
Augusto Heleno, Fernando Azevedo são todos filhos de oficiais do Exército, o
General Santos Cruz e o atual Comandante do Exército, o General Pujol, são
filhos de oficiais da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Os militares, ao
lado das famílias políticas do executivo, legislativo e judiciário, só podem
ser entendidos quando vistos no conjunto de suas famílias. Há forte
hereditariedade militar na composição e recrutamento da elite militar
brasileira. Os oficiais generais quase sempre possuem vínculos genealógicos com
a classe dominante tradicional ou entram pela tradição militar conservadora. A
família do General Etchegoyen era um caso de hereditariedade militar. O General
Eduardo Villas Boas, um dos responsáveis pelo fracasso da democracia
brasileira, é mais um caso. Filho do Coronel do Exército Antonio Villas Boas e
de Inalda Dias da Costa. Neto materno de Antonio Joaquim Dias da Costa e de Edith
Neves, grandes fazendeiros em Cruz Alta, Rio Grande do Sul e descendentes das
principais famílias latifundiárias, escravistas e políticas da Fronteira Sul,
Simões Pires, Carneiro da Fontoura e outras. Parece que voltamos à República
Velha e suas oligarquias políticas familiares entreguistas, antimodernidade e
antidemocracia. O Ministério do Bolso poderia estar em 1929, antes do Movimento
de 1930.
Ricardo Costa de Oliveira
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