O México teve uma das primeiras revoluções inconclusas do
século XX em 1910. A vitória histórica de Andrés Manuel López Obrador (AMLO)
abre um novo e desafiador ciclo político no México. A formação do
movimento-partido MORENA em 2014 representou uma novidade que permitiu a
vitória do veterano Obrador. As vitórias na Presidência, na Cidade do México e
em outros governos, sem uma maioria absoluta do MORENA no legislativo, apontam
para velhas questões e alianças nas perspectivas e limites da esquerda reformista
latino-americana. Como setores reacionários da classe dominante, mídia e do
empresariado não estão acostumados a perderem eleições. A direita não tem o que
entregar e somente tem a retirar direitos e renda dos trabalhadores na região.
A direita sempre aprofunda as crises e a desigualdade. O déficit de revoluções
históricas. A proximidade com os Estados Unidos e milhões de imigrantes
mexicanos por lá, a desigualdade social, a violência do narcotráfico serão
grandes desafios. A esquerda sai muito fortalecida e o golpe no Brasil segue
cada vez mais enfraquecido, perdido e sem apoios eleitorais em função dos
péssimos resultados de dois anos de golpismo no poder. Enquanto não ocorrer o
retorno da democracia ao Brasil, o México equilibra o jogo político na região e
se destaca pela democracia. As lutas sociais podem significar o retorno da
esquerda no Brasil e na Argentina, se a democracia se mantiver, até mesmo pela
falência da direita no poder em ambos países. O Brasil tem algumas semelhanças
e muitas diferenças sociais, políticas e históricas em relação ao México. O
Brasil é uma sociedade maior, com fronteiras, com desigualdade ainda mais
brutal e uma classe dominante tão atrasada como a mexicana. América Latina de
história lenta, "Eppur si muove" (No entanto, se move) e surpresas
podem acontecer para os próximos anos.
RCO
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