"A transformação de uma operação de combate à corrupção
com 50 etapas em um objetivo único que é prender um ex-presidente expõe a face
mais danosa de todo o processo: a implosão institucional, em especial do poder
judiciário.
Isso se dá pela tentativa de substituição de uma liderança
personalista por outra. De Lula pelos seus algozes. Todos os envolvidos, da
primeira à última instância, não souberam lidar com a visibilidade pública que
tiveram até aqui. Pensaram que poderiam substituir o personalismo de Lula por
um novo perfil de líder popular. Enganaram-se. Visibilidade pública não produz
liderança real. É o contrário. Mas isso os sinhozinhos provincianos não
entendem. O que inclui ministros do supremo que essa semana experimentaram o
gosto amargo de críticas públicas feitas por seus próprios pares, algo inédito
na história das instituições, em especial, das instituições jurídicas
brasileiras. Em 2018 o judiciário começa a se canibalizar em frente às câmeras
de televisão, assim como a elite política vem fazendo desde 2013.
O pior de tudo isso é que o legado deixado por uma operação
que usa a corrupção para substituir (substituir e não combater) lideranças
personalistas é o desmonte das estruturas formais de combate efetivo à
corrupção. Sem instituições fortes, que respeitem as regras, nunca haverá
combate à corrupção de fato.
A diferença entre a liderança personalista de Lula e a dos
sinhozinhos é que Lula, como conciliador, conseguiu criar uma imagem de líder
personalista ao mesmo tempo em que se fortaleciam as instituições. Quem busca
se transformar em nova liderança personalista sem a experiência da
representação e a qualidade da conciliação, fatalmente terminará implodindo as
instituições.
Pelo enfraquecimento institucional é que perderemos todos no
futuro, ainda que por agora pareça que exista um vencedor."
Emerson Urizzi Cervi:
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